São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Governistas avaliam elaboração de texto alternativo ao do relator

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupados com os rumos da CPI dos Precatórios, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e líderes governistas levantam a possibilidade de o relatório do senador Roberto Requião (PMDB-PR) ser derrotado pelos demais integrantes da comissão.
A idéia é que a CPI aprove um relatório alternativo, a ser elaborado por outro senador que esteja participando de todas as investigações e tenha conhecimento do assunto. Os nomes mais falados são os dos sub-relatores Vilson Kleinubing (PFL-SC) e José Serra (PSDB-SP).
ACM e os líderes acham que Kleinubing e Serra, embora sejam sub-relatores, estão alijados do processo de elaboração do relatório final. Eles acham que a CPI deveria estar dividida em subcomissões, que já poderiam estar trabalhando em relatórios parciais.
Na opinião de ACM, a CPI já apurou irregularidades e tem elementos suficientes para elaborar o relatório. O prazo da CPI está terminando (22 de abril), e ACM vai permitir apenas uma prorrogação de 45 dias.
Senadores que integraram as CPIs do Orçamento e do Collorgate -que resultou na renúncia do ex-presidente Fernando Collor de Mello- lembram que, quase dois meses antes do término dos trabalhos, os relatórios já estavam sendo preparados.
Em conversas reservadas, senadores mostram preocupação com o fato de Requião estar pré-julgando os envolvidos no escândalo dos precatórios. Eles temem que o relatório traga elementos que dificultem a punição dos responsáveis.
"A CPI não vai acabar em pizza, e é para isso mesmo que tenho ponderações a fazer", disse ACM.
Ontem, o presidente do Senado criticou publicamente os trabalhos da CPI e afirmou que fará suas "ponderações" somente aos seus integrantes, em reunião secreta. "Dizer publicamente quais as providências que vou tomar seria cometer os mesmos erros que a CPI está cometendo", afirmou.
ACM disse que há sensacionalismo por parte dos senadores que integram a CPI e por parte da mídia que publica suas atividades. Ele mostrou preocupação com os métodos de investigação utilizados pela CPI, que têm sido criticados por advogados e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
"É preciso evitar que um advogado mais esperto possa vir depois a invalidar todo o trabalho feito", disse o presidente do Senado.
ACM tem dito que é seu dever apontar os erros da CPI -em reunião secreta com seus integrantes- porque considera que o sucesso do trabalho realizado está diretamente ligado à imagem da Casa.
Vários senadores ficaram irritados com a reunião secreta realizada na casa do irmão do relator, deputado Maurício Requião (PMDB-PR), com o dono do Banco Vetor, Fábio Nahoum, um dos envolvidos no escândalo.
Outro procedimento criticado por senadores foi a carona que Requião deu ao ex-coordenador da Dívida Pública da prefeitura de São Paulo Wagner Ramos, até agora o principal responsável pela operação de comercialização de títulos públicos emitidos para pagamento de precatórios.

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