São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Estarrecedor

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Jornal Nacional nem citou a CPI. Tinha, em capítulos, as cenas mais grotescas, "estarrecedoras", no dizer da manchete, mas também as mais reveladoras da viciada polícia de São Paulo.
Aquela, que matou 111 no Carandiru e executou, semanas atrás, a Tolerância Zero. Sob elogios.
Os policiais torturaram, achacaram e mataram em Diadema, diante da câmera escondida de um corajoso cinegrafista amador.
Na Manchete, naquele mesmo momento, a mesma polícia era enaltecida -num daqueles programas que estimulam, precisamente, as cenas "estarrecedoras".
*
- Estão confundindo as coisas. A CPI informa a população. A referência da CPI é a opinião pública. E o relatório da CPI é uma notícia.
As expressões usadas por Roberto Requião, à tarde na Globo, evidenciam o que é a CPI para o relator: notícia. A "referência" é a opinião pública, a cobertura.
Não investiga para punir, mas "informar", o que talvez explique os vazamentos. É frustrante, por deixar a sensação de que se assiste algo virtual -ao menos, por este quadro dado pela Globo.
Mas a frase foi reação às críticas de ACM contra o "sensacionalismo". Críticas que surgiram bem quando a CPI bateu no primeiro "peixe graúdo", Paulo Maluf.
(Maluf que ontem seguiu na ronda de entrevistas, para livrar-se da pecha de centro do escândalo. Falou a Boris Casoy, de Paris, em tom próximo demais de ACM.)
*
No show de variedades da CPI, a semana promete depoimentos de banqueiros, para felicidade dos programadores da TV Senado.
Também está lá, programado, um depoimento do Banestado. É dirigido pelo adversário de Requião nas eleições de 96, Jaime Lerner.
Informação? Notícia?

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