São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Wagner Ramos era 'secretariável' de Maluf

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Wagner Baptista Ramos, ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo, era um nome tão importante na gestão de Paulo Maluf (1993-96) que chegou a ser cotado, segundo apurou a Folha, para substituir Celso Pitta (atual prefeito) no cargo de secretário das Finanças.
Experiente na área de captação de recursos e montagem de operações financeiras, Ramos foi também um dos principais responsáveis por garantir sucesso para o programa de obras da prefeitura, a prioridade do governo malufista.
Em conversa com a reportagem da Folha e o colunista Luís Nassif, na noite de segunda-feira, Wagner Ramos confirmou ter sido apontado como um dos prováveis substitutos de Pitta, quando o então secretário das Finanças deixou o cargo para disputar as eleições.
O ex-coordenador acabou perdendo a indicação, no início da campanha eleitoral do ano passado, para José Antonio de Freitas -mais articulado politicamente com o malufismo-, que foi mantido na equipe do atual prefeito.
Funcionário há 11 anos da prefeitura, Ramos perdeu a indicação, mas não teve o seu prestígio abalado no poder municipal.
Até ser demitido recentemente do cargo, depois das revelações da CPI dos Precatórios, era um nome guardado por Pitta como "secretariável", segundo relato de um assessor da Secretaria das Finanças.
O que credenciava Ramos para subir de posto na equipe da prefeitura era a sua folha de serviços prestados à administração Maluf.
Além da operação para emissão de títulos, cujo objetivo oficial era o pagamento de precatórios, o ex-coordenador realizou todos os projetos de financiamentos estrangeiros junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e Bird (Banco Mundial).
Passou pelas mãos de Ramos, por exemplo, toda a preparação da viagem que o então prefeito Maluf fez aos EUA, no ano passado, para assinar convênios de empréstimos com a finalidade de tocar obras.
Experiente nessa área, o ex-coordenador havia acompanhado Pitta, em 94, em viagem a Washington para captação de recursos.
Desconhecido
Em todas as suas entrevistas, o ex-prefeito Paulo Maluf tem dito que não conhece Ramos e reduz a sua figura a um simples e desconhecido burocrata.
O ex-coordenador da Dívida do município de São Paulo corrobora as palavras do ex-prefeito. Conta que apenas viu Maluf uma "duas ou três vezes", sem nenhum contato mais aprofundado.
"O mesmo aconteceu na administração de Luiza Erundina (1989-92), que também não cheguei a conhecer nem estabelecer contatos", disse.

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