São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Viúva de conferente diz que vai pedir indenização ao Estado

DA AGÊNCIA FOLHA NO ABCD

A viúva do conferente Mário José Josino, morto pela PM em Diadema (Grande São Paulo), disse ontem que vai entrar com ação indenizatória contra o Estado.
"Alguém tem de pagar pelo que fizeram a meu marido. Eu e meu filho dependíamos totalmente do dinheiro que ele trazia para casa", disse a dona-de-casa Josélia Ribeiro Josino, 30.
Ela recebeu ontem a visita do prefeito de Diadema, Gilson Menezes (PSB), que ofereceu o serviço de assistência judicial gratuita da prefeitura para auxiliar no processo indenizatório.
Josélia, mantida sob efeito de calmantes desde a morte do marido, no último dia 7, disse que está sobrevivendo graças à ajuda do irmão, que trabalha como frentista, e de amigos.
Ela está morando na casa da sogra. "Cada um contribui com um pouquinho. Já me deram roupa, comida, remédios", afirmou.
Além do marido, Josélia perdeu também a mãe, morta na semana passada aos 62 anos de idade.
"A polícia matou duas pessoas. Minha mãe sofria de úlcera nervosa e piorou muito depois da morte de Mário."
A dona-de-casa disse que não sente raiva dos PMs, mas afirmou estar bastante assustada.
"No começo, tinha medo que a PM viesse aqui em casa para 'terminar o serviço', mas acho que eles não teriam coragem de fazer isso." Ela disse que não sabe quando conseguirá superar o trauma.
"Pode demorar um ano, dois, quem sabe? Hoje mesmo, um carro da polícia passou em frente de casa e eu entrei em pânico. Meu filho (de 9 anos) foi para dentro de casa correndo, com medo."
Josélia disse que confia na atuação da Justiça e na condenação dos assassinos de seu marido. "Esses policiais vão ser condenados e expulsos, mas só se continuarmos denunciando a violência."

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