São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CPI considera omissa atuação de coronel

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A CPI do Crime Organizado da Assembléia Legislativa de São Paulo ouviu ontem os depoimentos de duas vítimas da ação criminosa de PMs do 24º Batalhão de Diadema (Grande SP) e a versão do comandante do batalhão, tenente-coronel Pedro Pereira Matheus, que foi considerado "omisso" pelos deputados.
O vendedor Antônio Carlos Dias, 35, e o assistente de departamento pessoal Jefferson Sanches Caputi, 39, contaram como apanharam dos policiais, mas não souberam informar o motivo das agressões. "Os PMs nem sequer verificaram nossos documentos. Bateram por bater", disse Dias.
Segundo Caputi, o tiro disparado pelo policial Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, aconteceu depois de ele ter dito que havia anotado o número do carro dos PMs. "Nunca deveria ter dito isso."
Os dois viram que o colega Mário José Josino, 30, havia sido atingido a 200 metros do local da blitz, após terem sido liberados.
Dias contou que pediram ajuda de um PM amigo de Caputi para denunciar o caso à Polícia Civil.
O tenente-coronel Pedro Pereira Matheus, 51, disse que foi informado de seu afastamento, por telefone, minutos antes de depor.
Ele afirmou que foi informado da existência da fita com as imagens da violência de seus subordinados no último dia 25 pelo seu chefe imediato, o comandante do policiamento da região do ABCD, coronel Luiz Antonio Rodrigues.
Ele afirmou que determinou instauração de Inquérito Policial Militar para apurar a morte de Josino no dia 7 de março e que não determinou a prisão dos PMs, apesar de dois deles terem sido reconhecidos pelas agressões, porque o inquérito não havia terminado.
Mesmo depois de ter assistido as gravações, no dia 25, o coronel Matheus disse que não poderia prender administrativamente os PMs que aparecem nas imagens porque "não se pode prender alguém por suposição". Ele disse que dependia de um depoimento sobre o fato, o que foi feito pelo cabo Ricardo Luiz Buzeto, que, por isso, conseguiu do coronel a regalia de permanecer em liberdade durante as investigações.
O relator da CPI, deputado Elói Pietá (PT), considerou o coronel Matheus "omisso". "Ele demonstrou o completo desconhecimento sobre as arbitrariedades que aconteciam no seu batalhão", disse Pietá. A CPI decidiu visitar hoje o 24º Batalhão da PM de Diadema. A Folha apurou que o comando da corporação não deverá permitir a visita dos deputados. A CPI convocará para a próxima quarta-feira os PMs presos neste caso.

Texto Anterior: Texto irônico lembra filme
Próximo Texto: 'PM nenhum acreditaria na história'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.