São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Confiança na PM desaba após ação em Diadema

Paulistano tem mais medo do que confiança, segundo Datafolha

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A confiança da população na Polícia Militar desabou com o episódio de Diadema. O paulistano tem mais medo do que confiança na PM, de acordo com a pesquisa Datafolha de ontem.
O grupo dos que têm mais confiança do que medo da corporação caiu quase à metade nos últimos 16 meses. Eram 24% ontem, contra 46% em 1995.
O arranhão na credibilidade da PM fez com que a população mudasse sua maneira de encarar os problemas da corporação.
Para o paulistano, não falta salário, mas treinamento para que os PMs executem de maneira honesta e adequada suas funções.
Em 1995, o baixo salário foi apontado como o principal fator para explicar corrupção e abusos que acontecem na polícia.
Agora, é o baixo nível dos policiais recrutados a causa apontada pelo grupo mais numeroso para explicar esses problemas. Caiu de 56% para 29% o percentual dos que vêem a falta de salário adequada como causa dos crimes de PMs.
Também aumentou a parcela da população que acredita que o PM é mal treinado, subindo de 11% para 17% nos últimos 16 meses. Grupo menor vê outras razões para crimes de PMs.
Justiça comum
O paulistano continua acreditando que a Justiça Militar não é a instituição adequada para julgar PMs que tenham cometido qualquer tipo de crime.
No levantamento anterior, a Justiça comum foi apontada a ideal para o julgamento por 76% dos entrevistados. O percentual caiu, mas ainda é alto -68%.
A pergunta formulada pelo Datafolha se refere aos PMs de maneira geral e não apenas aos envolvidos no caso da favela Naval.
No caso específico desses policiais, 43% avaliam que a expulsão da corporação é pena suficiente e 5% acreditam que eles devam ser apenas afastados temporariamente da polícia.
Atualmente, a Justiça comum julga apenas os policiais militares que tenham cometido crime doloso (intencional) contra a vida, como o assassinato, ou usando uma arma da PM durante período de folga.
(RSc)

METODOLOGIA - A pesquisa Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. A população adulta da cidade de São Paulo foi tomada como universo da pesquisa. No levantamento de ontem, foram entrevistadas 1.080 pessoas. A margem de erro do processo é de três pontos percentuais para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%. Isso significa que, se fossem realizados cem levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista. A pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisas de Opinião do Datafolha.

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