São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Rebelados levam 3 reféns em fuga no CE

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Cerca de dez presos do Instituto Penal Paulo Sarasate, em Fortaleza (CE), fugiram ontem às 18h do presídio levando 3 dos 18 reféns que vinham sendo mantidos desde que iniciaram uma rebelião, às 11h30 de anteontem.
A rebelião, que durou 30 horas e meia, começou em uma inspeção médica de rotina. O diretor do IPPS, Francisco Crisanto, e mais 17 pessoas, entre elas quatro advogados de presos, foram dominados.
Os presos reivindicaram cinco carros para fuga, 20 revólveres, munição e coletes à prova de balas para pôr fim à rebelião e libertar parte dos reféns.
A reivindicação foi atendida pelo governo cearense, que exigiu que nenhuma mulher ficasse entre os reféns que serviriam de escudo para a fuga. Entre os reféns levados com os fugitivos estavam o diretor e um funcionário do presídio e um soldado. O soldado, identificado como Flávio, foi libertado a 5 km do presídio.
Entre os rebelados estavam Antônio Carlos de Souza e João Queiroz, participantes da rebelião de março de 1994, no mesmo presídio, em que o então arcebispo de Fortaleza, dom Aloísio Lorscheider, foi feito como refém.
O médico Francisco Alencar, que esteve com os amotinados, disse que eles passaram a noite bebendo álcool misturado com água e ingerindo psicotrópicos.
A maior preocupação das autoridades que estavam negociando era com a advogada Gessina Pacheco, grávida de oito meses, que estava no grupo de reféns.
Ela foi liberada às 17h e afirmou que tinha sido bem tratada e que passava bem. O secretário da Segurança Pública do Ceará, Edgar Fuques, disse que acertou com os rebeldes a saída deles em troca da libertação de 12 reféns.
O acordo foi cumprido à tarde, com a liberação sucessiva dos reféns. Até a fuga dos rebelados, 13 dos 18 reféns já tinham sido libertados. Às 15h, o advogado Raimundo Pinto fugiu do grupo de reféns ao pular da sala onde estavam.
Segundo Fuques, ficaram em poder dos rebeldes o diretor do presídio, Francisco Crisanto, dois advogados, um soldado da PM e um civil. Ele não forneceu os nomes dos reféns. Os dois advogados foram soltos no momento da fuga.
O fugitivo Claudio Rogério Santos foi morto em um tiroteio com a Polícia Militar em uma barreira montada no km 90 da BR-116, no município de Chorozinho (90 km de Fortaleza).
Na ação, os policiais conseguiram libertar o refém que havia sido identificado à noite por Claudison, funcionário do presídio.
O tiroteio ocorreu por volta das 20h. Às 20h30, a polícia continuava a perseguição ao restante dos fugitivos, que mantinham um refém.

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