São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997![]() |
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Para CPI, empreiteiras não são prioridades LUCIO VAZ LUCIO VAZ; FERNANDO GODINHO
A CPI dos Precatórios vai colocar em segundo plano a investigação sobre a conexão entre empreiteiras, o financiamento de campanhas políticas e o esquema de comercialização de títulos públicos. Para a maioria dos integrantes da CPI o fundamental já está praticamente apurado -a irregularidade na emissão e venda dos títulos, o uso ilegal dos recursos e a ação em quadrilha das corretoras. O suposto envolvimento de empreiteiras com as corretoras pode ser investigado, mas não será a prioridade da CPI. Os senadores torcem apenas para que surja uma prova forte em função das investigações sobre o destino final dos recursos desviados. "As investigações sobre empreiteiras e campanhas eleitorais dependem das apurações", diz o relator da CPI, o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Requião cita como exemplo o cheque da corretora Perfil, no valor de R$ 1,662 milhão, depositado na conta da construtora Serveng Civilsan S/A Empresas Associadas de Engenharia. "Não há porque não investigar, desde que haja provas", acrescenta o relator. O cruzamento de informações decorrentes de quebra de sigilo bancário e contas telefônicas é o caminho da apuração. Mas o presidente da CPI, Bernardo Cabral (PFL-AM), avisa: "Até agora não apareceu nenhuma vinculação entre o esquema dos precatórios e empreiteiras." Esperidião Amin (PPB-SC) já considera a CPI vitoriosa: "O objetivo foi alcançado. Apuramos irregularidades na emissão e circulação de títulos, fraude na taxa de sucesso e no deságio". Amin afirma que o possível envolvimento de empreiteiras é um "subproduto". "Em relação ao mercado financeiro, o volume de recursos que envolvem as empreiteiras é pequeno." Vilson Kleinubing (PFL-SC) afirma que a CPI pode até avançar nas investigações, mas considera que "nada é mais grave do que rasgar a Constituição, forjar documentos, mentir ao Banco Central e ao Senado, vender títulos sem leilão e jogar dinheiro fora". O senador fez um relato das acusações que pesam sobre o governador Paulo Afonso Vieira (SC). Foram justamente essas denúncias que deram origem à CPI. Ninguém da CPI arrisca uma afirmação sobre a conexão empreiteiras/corretoras. "Não conheço indícios que sinalizem isso com seriedade. Há suspeitas", afirma o Geraldo Mello (PSDB-RN). O senador também tem dúvidas sobre a importância dessa investigação: "Tenho dúvidas se está no objetivo principal da CPI. A CPI já foi bastante longe". José Agripino (PFL-RN) acha que a CPI "levaria 50 anos para apurar tudo". Por isso, considera que será suficiente dar algum exemplo dessa conexão: "Para mim, um caso só é suficiente". A ampliação do campo de investigação pode ser prejudicial aos trabalhos, na avaliação de Fernando Bezerra (PMDB-RN): "Estão tentando induzir a CPI a abrir a investigação. Pretendemos ser mais objetivos". Bezerra reconhece que a investigação sobre o desvio dinheiro dos precatórios para campanhas políticas é um dos objetivos da CPI, mas acrescenta: "Isso é mais complicado. Vai até o doleiro e de lá desaparece". Casildo Maldaner (PMDB-SC) afirma que a CPI pegou apenas "a ponta de um 'iceberg'. Tem que ir até o fim". Ele considera que "há indícios" do envolvimento de empreiteiras no esquema. "Não sei se é só com esses títulos ou também com outros (Letras do Tesouro dos Estados). Esses títulos representam uma pequena parte do total de títulos públicos, que chega a R$ 50 bilhões", disse. Romeu Tuma (PFL-SP) afirma que a CPI já avançou bastante, mas considera que, agora, é importante chegar "a quem ficou com o lucro final, saber como o lucro foi dividido e se houve acerto com bancos e fundos". O senador afirmou que é difícil rastrear o envolvimento com empreiteiras, porque o dinheiro levantado pelas corretoras deixou o país por intermédio de doleiros. Na volta, não ficou rastro. A CPI vai investigar agora os pagamentos feitos por municípios e Estados com valor superior a R$ 25 mil. Texto Anterior: Procuradoria reativa ação civil Próximo Texto: A OPINIÃO DOS SENADORES Índice |
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