São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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Estado registra um PM drogado por dia

DA REPORTAGEM LOCAL

O Hospital da Polícia Militar de São Paulo recebe um caso novo por dia de policial viciado em drogas, segundo estatística da instituição.
Desde 95, a porcentagem de drogados entre os novos atendimentos aumentou dez vezes, segundo apurou a Folha. Os números se referem só a PMs. Policiais civis não são atendidos no Hospital Militar.
Na Divisão de Psiquiatria do hospital, no Tucuruvi (zona norte de São Paulo), os PMs drogados respondem por cerca de 14% dos novos atendimentos.
Ou seja, por dia, sete PMs chegam ao hospital com problemas psicológicos ou psiquiátricos. Um deles se envolveu com drogas. Os números indicam que a incidência de uso de drogas entre PMs é três vezes maior que entre o restante da população.
Pelos números do hospital, que funciona de segunda a sexta, seriam 260 novos PMs drogados por ano, para um contingente de 75 mil homens, ou 0,34%.
Segundo Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Proad -programa de prevenção de drogas ligado à Escola Paulista de Medicina (EPM) da Unifesp-, só 10% dos usuários procuram ajuda psicológica ou psiquiátrica.
Os 3,4% resultantes desse cálculo contrastam com a incidência na população em geral, de 1% a 2%, aferida por estudos da EPM.
Psiquiatras observam que o número de dependentes da PM pode ser ainda maior, pois muitos policiais deixariam de buscar ajuda com medo de perder o trabalho.
PMs de todo o Estado são tratados no hospital da capital. A maioria deles, 70%, solicita tratamento por conta própria. Os restantes são encaminhados ao serviço.
O estresse é o quadro clínico mais comum e atinge cerca de 20% dos policiais que hoje fazem tratamento. O alcoolismo vem em seguida, com cerca de 10%.
No meio médico militar, os distúrbios mentais dos policiais são creditados à pressão a que está submetida a corporação.
Os policiais, além de estarem submetidos à hierarquia militar, como os membros das Forças Armadas, estão à mercê das ocorrências de rua, das solicitações da população e do enfrentamento com bandidos. As Forças Armadas vivem aquarteladas.
O sargento Reginaldo José dos Santos passou por lá em 86.
Em sua ficha, segundo apurou a Folha, consta que ele teve um dia de folga após ter ficado nervoso com problemas de serviço, o que acarretou uma crise de ansiedade.
A reportagem pediu ao comando da PM, por fax, na sexta-feira, para entrevistar os responsáveis pelo serviço de psiquiatria do Hospital Militar, mas não obteve resposta.

LEIA MAIS nas págs. 3-9 e 3-11

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