São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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4 - OS SUSPEITOS

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ninguém pode apontar ao certo, hoje, quem é o poderoso chefão da máfia dos precatórios. Já houve vários suspeitos em evidência, mas as apostas agora se concentram na Prefeitura de São Paulo.
Primeiro porque Wagner Ramos e outros três funcionários ligados a Celso Pitta, que foi secretário de Finanças antes de virar prefeito, assessoraram as vendas de títulos em outros Estados e municípios.
Segundo porque alguns empresários que lucraram com os títulos são suspeitos de terem entrado com dinheiro na campanha eleitoral do ex-prefeito Paulo Maluf.
Mas, antes de mais nada, é preciso provar que a máfia existe mesmo, ou seja, que todos os fatos já descobertos têm ligação entre si e, portanto, foram todos planejados por um mesmo grupo de pessoas com um objetivo comum.
Outros personagens importantes nas investigações são:
1) Fábio Nahoum e Ronaldo Ganon: donos do Banco Vetor. Eles têm respostas para tudo. Até agora, ninguém conseguiu incriminá-los por nada. Afinal, não é crime ganhar dinheiro ajudando governos a vender títulos, por mais esquisita que pareça a operação. Viraram suspeitos de estarem na cabeça do esquema;
2) Grandes instituições: se não houvesse bancos de peso ou fundos de pensão para comprar os títulos, as empresas de meia-tigela não teriam como lucrar negociando os papéis. Elas só podiam comprar os títulos porque sabiam que conseguiriam vendê-los depois. Do contrário, não teriam dinheiro em caixa para adquirir os papéis. Por que os bancos não compravam os títulos diretamente dos governos, o que seria melhor negócio para as duas partes?
3) João Maury Harger Filho: foi gerente do Beron (Banco do Estado de Rondônia) em São Paulo. Nessa agência tinham conta quase todos os "laranjas" que recebiam dinheiro das empresas negociadoras de títulos e enviavam os recursos a outros bancos na fronteira do país. Essa brincadeira movimentou R$ 1,8 bilhão.
(GP)

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