São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lei será cumprida, "doa a quem doer", diz presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que, "doa a quem doer", o cumprimento às leis será o limite para os integrantes do MST, bem como para os demais movimentos sociais.
"Nós temos democracia, e o limite é a lei. E a lei, doa a quem doer, será cumprida! Doa a quem doer! Isso é fundamental!", disse o presidente.
E, aproveitando a presença do ministro Sepúlveda Pertence, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), FHC afirmou que não se acanha em cumprir as leis.
"O presidente da República não tem nenhum acanhamento. Ao contrário, se orgulha em dizer isso diante do presidente do Supremo. Decidido pelo Supremo, está decidido para mim", afirmou.
Ao mesmo tempo, Fernando Henrique deu a receita de como se pode, no entanto, adaptar a lei à sua vontade.
"As questões têm que ser assim: decididas na Justiça, recorre-se até a instância possível. Muda-se a lei, via Congresso. Luta-se, como eu luto, para mudar a lei. Mas a lei tem que ser respeitada", disse.
Essenciais
O presidente voltou ontem a afirmar que os movimentos sociais, como o dos sem-terra, "são essenciais".
Para ele, nada será feito na reforma agrária se não houver movimentos como a Contag, o MST, os sindicatos, as igrejas e os partidos.
FHC disse que nunca cortou o diálogo com qualquer setor social do país e afirmou estar disposto a receber os trabalhadores rurais -que chegarão a Brasília no dia 17-, desde que eles "não venham a impor qual é o assunto e a que horas vão falar".
"Não, isso não. Mas, havendo uma agenda clara e uma disposição nítida de avançar, o governo está disposto a avançar e a corrigir erros, se erros existirem -e, certamente, existirão-, mas dentro do respeito da lei", disse o presidente.
Ontem à tarde, o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que o pedido de audiência do MST foi protocolado, mas que "está sendo considerado", pois tem implicação e natureza política.
Aula
Fernando Henrique Cardoso usou ontem sua experiência como professor e sociólogo para traçar um panorama da questão agrária no mundo.
Em discurso que durou 53 minutos, o presidente usou boa parte do seu tempo para enquadrar o problema da terra em processos históricos.
O presidente começou a "aula" citando as crises do campo desde a Europa do século 18, passando pela ex-União Soviética e China, até chegar ao Brasil dos dias de hoje.
Entre seus "alunos" estavam os presidentes da Câmara, Michel Temer, do Senado, Antonio Carlos Magalhães, do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence, além de ministros, do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, embaixadores estrangeiros, diplomatas e jornalistas.

Texto Anterior: Críticas são injustas e 'hipócritas', diz FHC
Próximo Texto: Igreja vai doar terras para reforma agrária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.