São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997
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Briga e discussão substituem investigação

RODRIGO VERGARA; FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O silêncio dos PMs acusados de violência policial fez dobrar o trabalho dos deputados na busca de atenção da imprensa. No lugar de depoimentos, que não existiram, sobraram brigas com advogados, discussões entre parlamentares e repetição de acusações.
Presidente da CPI e centro das atenções, o deputado Afanasio Jazadji (PFL) foi ajudado nessa tarefa por membros da Associação dos Cabos e Soldados, que questionou as atitudes do parlamentar e quase teve um de seus advogados retirado à força do recinto.
A discussão começou quando falava o soldado Nelson Soares da Silva Júnior, o terceiro a depor. Jazadji irritou-se com o advogado do PM, que teria feito sinais para que seu cliente não dissesse nada.
Jazadji, que já havia reclamado da mesma atitude quando depunham outros PMs, disse que os advogados ficariam na platéia.
A reação foi imediata.
"Voltaremos à ditadura no dia em que a OAB for calada aqui", gritava, da platéia, o advogado Evandro Fabiani Capano.
Capano enfrentou Jazadji até que, impaciente, o deputado pediu aos policiais da Assembléia que retirassem o advogado do recinto.
Depois de cerca de 20 minutos de discussões, o deputado foi dissuadido da idéia por colegas e permitiu a permanência de Capano.
"São maus advogados que tentam conseguir seus 15 minutos de fama. Eles precisam estudar mais. Pela atuação deles, os PMs vão pegar muitos anos de cadeia", disse.
Outro recurso utilizado pelos deputados, diante de depoentes mudos, foi repetir as acusações contra eles. Nesse ponto, O vídeo com as imagens de violência foi útil.
O deputado Conte Lopes (PPB), capitão reformado da PM, tentou por três vezes provocar os PMs acusados com as imagens.
Quando o soldado Paulo Rogério Garcia Barreto se calou diante da imagem da TV em que ele estaria, supostamente, contando dinheiro conseguido por meio de extorsão, Lopes disse: "Então ele roubou mesmo, se não quer falar é porque pegou o dinheiro."
A impassividade dos PMs gerou discussões entre os deputados. Alguns queriam fazer todas as perguntas previstas aos PMs e outros queriam perguntar, antes, se os acusados queriam falar.
(RV e FS)

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