São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Não há prova contra Maluf, diz Requião

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da CPI dos Precatórios, Roberto Requião (PMDB-PR), afirmou ontem que "não há nenhum documento" que ligue Paulo Maluf ao esquema de venda de títulos públicos. Mas acrescentou: "Politicamente, ele está f...".
"Não há nenhuma prova contra ele. E eu não vou forjar provas. Mas todo mundo sabe que é tudo o mesmo esquema. Agora, tem gente que até hoje acha que o Pitta é inocente", completou Requião.
O relator disse que pretende ouvir o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, depois de cruzar as informações que surgirem com as quebras de sigilo bancário e telefônico.
Para ele, a CPI já atingiu o seu objetivo central. "Não falta provar nada. É só cruzar as informações e mostrar alguns exemplos. Não vou atrás de 2.000 cheques. Não sou delegado de polícia."
Esperidião Amin (PPB-SC) concorda com o relator quanto aos rumos da investigação a partir de agora: "Temos que selecionar cheques. Já temos demais. Vamos rastrear e fazer o cheque falar".
Em reunião anteontem, a CPI decidiu formar um grupo de trabalho de três senadores, incluindo Amin, para analisar extratos bancários e cheques recebidos pelas pessoas e empresas investigadas.
"Vamos definir prioridades e seguir um conjunto de cheques. Se alguém quer rastrear todos os cheques, é porque não quer chegar a um resultado. Temos que selecionar objetivos", afirmou o senador.
Amin disse que recebeu um aviso de um ministro do Supremo Tribunal Federal. "Ele disse que temos que documentar bem. Por não ter documentado bem, a CPI do Collor não deu resultado."
Amin discorda do relator quanto ao possível desgaste político de Maluf: "Ele não teve prejuízo. Não houve referência a ele na CPI. E o desgaste do Pitta vai acabar no dia em que ele depor. Ele zera o jogo".
Pluripartidarismo
O senador tem uma explicação para o fato de a CPI já ter atingido objetivos, apesar da diversidade de interesse de seus membros. O motivo seria o pluripartidarismo.
"Nenhum de nós é um juiz imparcial. Temos um partido, um cenário de vida política. Somos todos suspeitos, no significado jurídico da palavra. Eu sou presidente do partido do Pitta. O Serra disputou a eleição com ele", disse.
Jader Barbalho (PMDB-PA) concorda que o momento é de "analisar documentos. A CPI já cumpriu o seu papel. Mas fatos novos podem surgir. Se o relator achar que devemos ouvir pessoas que já depuseram, vamos chamar".

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