São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Renê nega conhecer Fausto Solano

DA REPORTAGEM LOCAL

O "misterioso" Renê da CPI dos Precatórios negou ontem ser o Renê citado como participante do esquema de fraude investigado pelos senadores.
O Renê em questão é Renê Bushel, diretor da empresa Americana Limited em Miami (EUA).
O dono da distribuidora Boa Safra, Fausto Solano Pereira, citou um Renê como o responsável nos EUA pelo envio de R$ 9,756 milhões para contas suas.
A Receita Federal está procedendo a uma investigação para saber se Renê fez remessas ilegais de dinheiro ao Brasil.
"Meu cliente não conhece o sr. Solano. Isso está sendo feito para desviar a atenção da CPI. Estão atirando com canhão na mosca errada", disse o advogado de Bushel, José Carlos Etrusco Vieira.
Segundo Vieira, Bushel é um nome conhecido no mercado financeiro por trabalhar com diversos brasileiros em Miami. Sua empresa, a Americana, é intermediária em vendas de imóveis.
Priolli
Vieira disse também que José Luiz Priolli, dono da extinta distribuidora Negocial, comprou um apartamento em Miami em 1995 pelas mãos da Americana. Bushel é o administrador do imóvel.
Priolli é um dos personagens do escândalo dos precatórios.
O valor estimado do apartamento é US$ 160 mil. "Mas isso é tudo. É um negócio como outro qualquer. Meu cliente não tem nada a ver com esse esquema dos precatórios", disse o advogado.
A própria CPI não está certa da identidade de Renê. Para o relator Roberto Requião (PMDB-PR), o Renê em questão é um suposto doador em campanhas eleitorais em Santa Catarina e no Paraná.
Solano citou o misterioso Renê quando tentava explicar um cheque de R$ 9,756 milhões recebido da "laranja" IBF Factoring.
Segundo ele, o cheque fazia parte de uma operação para trazer dinheiro seu dos EUA.
Como mantém conta bancária naquele país, Solano disse ter pedido ao seu advogado Juan Onaghten para providenciar R$ 1,8 milhão de que necessitava.
Segundo Solano, Onaghten teria consultado Renê para fazer o envio -só que seria preciso trazer um volume maior.
A operação ficou, então, nos R$ 9,756 milhões. Segundo o dono da Boa Safra, Renê teria pedido a Solano que ficasse com a parte de que precisava, os R$ 1,8 milhão, e que distribuísse o resto por 54 contas separadas no Brasil.

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