São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997 |
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Bons atores salvam 'Os Canastrões'
JOSÉ GERALDO COUTO
Eles interpretam três veteranos atores teatrais, hoje retirados e decadentes, que voltam à ribalta como figurantes de uma comédia mambembe, "Scoubidou", numa turnê pelo interior da França. Toda a ação do filme vem da inépcia dos três, aliada à circunstância de que o produtor da peça, falido, tenta sabotá-la a todo custo para receber o seguro, inclusive atentando contra a vida dos atores. O diretor Patrice Leconte (de filmes como "O Marido da Cabeleireira" e "Caindo no Ridículo") diz que pretendeu fazer uma comédia segundo o preceito de Billy Wilder: "A 140 km por hora, mesmo nas curvas". Em seu filme faltam as nuances, as pausas, os silêncios que intensificam o impacto dos momentos fortes. Outra diferença entre as comédias está na densidade dos personagens: em "Os Canastrões" são todos rasos e unidimensionais -algo que os protagonistas Noiret, Rochefort e Marielle só conseguem contornar graças a seu engenho e magnetismo. É possível traçar um paralelo curioso entre a peça "Scoubidou" e o filme de Patrice Leconte: naquela, o que salva o espetáculo é a incompetência dos três atores; neste, é exatamente a sua excelência. Os três conseguem mostrar o ridículo de seus personagens e ao mesmo tempo inspirar alegria e ternura -mais ou menos como o "Quinteto Irreverente" de Mario Monicelli. É pouco para um filme que se mira em um padrão tão elevado, mas o suficiente para fazer o público rir a maior parte do tempo. Na penúria criativa em que vive o cinemão francês hoje em dia, está bom demais. Filme: Os Canastrões Produção: França, 1996 Direção: Patrice Leconte Com: Jean-Marie Marielle, Philippe Noiret, Jean Rochefort, Catherine Jacobb Quando: a partir de hoje no Cinearte 2 Texto Anterior: Elenco de "...Wanda" volta a divertir Próximo Texto: 'Olhos Azuis' vira racismo de cabeça para baixo Índice |
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