São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997 |
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Broadway esfria a tragédia do navio
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
O foco principal está nas diferenças sociais entre os passageiros do navio. Os cenários se revezam, mostrando cenas da primeira, da segunda e da terceira classes. Na primeira, predomina a futilidade. Na segunda, o complexo de inferioridade e o desejo de ascensão social. Na terceira, o sonho de fazer fortuna na América. Mesmo quando o navio está afundando, o tom não muda. Duas cenas são ilustrativas: numa, os passageiros de "segunda categoria" comemoram a oportunidade de pisar no Grande Salão. Na outra, mesmo instantes antes de morrer, um casal discute se não seria um desperdício tomar um gole de champanhe. No primeiro ato, a ênfase do musical é para a grandiosidade do Titanic, louvado como se fosse um ser sobrenatural. No segundo, para a discussão sobre os responsáveis pelo naufrágio. Na transferência dos passageiros para os poucos botes salva-vidas, a peça endossa o famoso "mulheres e crianças na frente". O problema é que só há uma criança no elenco. A direção da peça, porém, não descarta fazer ligeiras modificações durante a temporada, inclusive aumentando o número de crianças no musical. As despedidas entre os passageiros que vão aos botes e os que têm de ficar no Titanic são frias. Apesar dos problemas, o musical tem alguns bons momentos, principalmente quando opta pela ironia. Um tripulante que se salvou entre mulheres e crianças defende-se dizendo que não foi ele quem abandonou o navio. O navio que o abandonou. Boa parte da peça tem como cenário o desenho do navio e da Estátua da Liberdade deitada -o horizonte perdido para os passageiros do Titanic. Mas, sem dúvida, a melhor imagem é a do final do primeiro ato, quando o Titanic navega em alta velocidade em direção ao iceberg que o celebrizou. Texto Anterior: TITANIC Próximo Texto: Livro trata acidente como fim de era Índice |
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