São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Nova hidrovia no rio Madeira deve baratear o custo da soja brasileira
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
É o caminho mais curto para escoar a produção de grãos de Rondônia e do noroeste de Mato Grosso. Com ela, a soja brasileira produzida nessa região deverá ser a mais lucrativa do mundo. Neste primeiro ano, 300 mil toneladas de soja deverão passar pela hidrovia rumo à Europa. Isso corresponde a 10% da produção anual da Chapada dos Parecis (MT). Os outros 90% ainda são escoados por rodovia até Paranaguá (PR). O frete de uma tonelada de soja desde o cerrado até o porto paranaense custa R$ 102,00. Pela hidrovia, o custo fica reduzido a R$ 75,00/tonelada, mas deve diminuir à medida em que aumentar o volume de soja transportado. O governo prevê que, no próximo ano, 600 mil toneladas deverão navegar pelos 1.060 km entre Porto Velho, no rio Madeira, e Itacoatiara, no rio Amazonas. Segundo José Luiz Portella, secretário-executivo do Ministério dos Transportes, o preço do frete pela hidrovia deverá ser reduzido a R$ 50,00 por tonelada. FHC vai anunciar que, com essa hidrovia, a soja brasileira deverá chegar aos portos europeus a um custo inferior ao norte-americano -os maiores produtores. Nos EUA, o custo de produção da tonelada de soja vai de US$ 130,00 a US$ 160,00, diz Portella. No Brasil, o valor mais baixo (obtido na soja escoada pela hidrovia do Madeira) é de R$ 113,00. Custo menor significa mais lucratividade para os produtores e, por consequência, mais investimentos nas regiões produtoras. "Para baratear ainda mais esse custo, o governo vai asfaltar a BR-364", afirma Portella. A estrada ainda tem trechos de terra e é um dos caminhos da soja de Mato Grosso até Rondônia. A maior parte dos investimentos feitos até agora na hidrovia foi do setor privado. O Grupo Maggi, maior produtor nacional de soja, construiu os terminais de carga e descarga em Porto Velho e Itacoatiara -esse, em sociedade com o governo do Amazonas. Comboios de transporte de soja, no valor de R$ 54 milhões, foram adquiridos pelos empresários com financiamento do BNDES. FHC vai destacar em seu discurso o papel da iniciativa privada no projeto. Deve dizer que é um caso em que a sociedade deu o exemplo, desenvolvendo uma nova fronteira, e que o governo fará sua parte dando a infra-estrutura. Hoje, a hidrovia do Madeira só é navegável durante oito meses por ano. A parte do governo federal será aumentar a profundidade do rio em nove pontos de estrangulamento. Texto Anterior: Presidente é vaiado em Boa Vista em manifestação da CUT Próximo Texto: Fundos devem aderir ao consórcio da CSN Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |