São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Fundos devem aderir ao consórcio da CSN

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Os fundos de pensão, controladores de 15% das ações ordinárias (com direito a voto sem restrições) da Companhia Vale do Rio Doce, estão a um passo de aderir ao consórcio de potenciais compradores da estatal liderado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
No enorme jogo de informações e contra-informações que se tornou o processo de formação dos consórcios para participar do leilão da Vale, chegou a ser anunciada a formalização do acordo.
Mas a Previ, dos empregados do Banco do Brasil, informou que somente na próxima segunda-feira a decisão será tomada. Além da Previ, estão negociando com os consórcios a Valia (da própria Vale), Petros (Petrobrás), Fapes (BNDES), Sistel (Telebrás), Fundação Cesp e Funcef (CEF).
Embora os consórcios interessados na Vale tenham até o próximo dia 24 para se pré-identificarem como participantes do leilão do dia 29, os fundos terão que se pronunciar na segunda-feira sobre se pretendem ou não vender ações junto com o governo no leilão de privatização.
A decisão de vender ou não está intimamente ligada à escolha do consórcio para participar do leilão no lado comprador.
Os fundos querem ter a certeza que escolheram o grupo com maior possibilidade de ganhar o controle da Vale para não correr o risco de ficar como minoritários em uma empresa que vai mudar sem que eles tenham qualquer interferência no processo.
É o temor da escolha errada que impediu os fundos de assinarem o contrato, que já está pronto, de adesão ao consórcio da CSN.
Risco
O receio dos fundos fez com que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor das privatizações do governo federal, buscasse uma solução para evitar que eles entrem no leilão como vendedores, gerando o risco de inviabilizar o leilão.
Caso os fundos ofertem mais de 5,6% do capital ordinário da Vale no leilão, deixará de se cumprir a obrigatoriedade, prevista em edital de venda da estatal, de que a União venda da sua carteira um mínimo de 40% do capital ordinário, tornando o leilão sem efeito.
Para evitar que isso aconteça, o BNDES, por meio de sua subsidiária BNDESPar (BNDES Participações), deve oferecer aos fundos a possibilidade de trocar ações da Vale por papéis da Petrobrás e da Eletrobrás que estão na carteira da subsidiária.
Essas ações da Vale iriam para a BNDESPar, que já detém cerca de 3,2% do capital ordinário da Vale e tem o direito de participar do futuro grupo de controle da empresa, aderindo após o leilão em bloco formado com os funcionários.
A possibilidade de troca de ações, na avaliação dos dirigentes do BNDES, dará tranquilidade aos administradores dos fundos para eles decidirem correr o risco de entrar no leilão como compradores.
Segundo a Folha apurou, um dos motivos para os fundos terem se inclinado pelo consórcio da CSN é o receio em relação ao estilo centralizador de Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, que lidera o outro consórcio.

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