São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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UM ESTRANHO NA ESCOLA

O governo lançou na quinta-feira o Programa Nacional de Informática na Educação. Até o fim de 98 serão informatizadas 6.000 escolas públicas de 1º e 2º graus e distribuídos 100 mil computadores, com o custo de R$ 450 milhões na compra de equipamento e treinamento docente.
O anúncio coincide com a divulgação de pesquisa da Universidade de São Paulo, segundo a qual 85,3% dos professores de 1º grau da rede municipal paulistana desconhecem ou sentem-se inseguros para usar microcomputadores. Há pelo menos duas razões para que esses dados causem inquietação. A pesquisa da USP foi feita numa cidade que é um dos principais pólos econômicos, culturais e educacionais do país. Que resultados seriam obtidos em regiões mais atrasadas do Brasil? Pode-se prever que não será nada fácil capacitar os professores para o uso adequado da informática em classe.
O próprio Ministério da Educação, aliás, reconhece a pouca eficácia do projeto TV Escola, destinado à reciclagem de parte dos professores da rede pública em 96. Por isso, pretende iniciar em julho o treinamento, para o uso de computadores de 2.500 professores e distribuir os equipamentos apenas em outubro. Resta questionar a chance de obter resultados satisfatórios, em prazos tão curtos, junto a um professorado em grande parte despreparado, mal remunerado e com pouca disponibilidade de carga horária para atividades extras como reciclagem.
Ademais, ainda há um precário consenso entre os educadores quanto à real eficácia pedagógica da informática, sobretudo num país em que também o número de softwares para uso escolar é muito limitado.
Tarefa mais modesta, e mais realista, seria inicialmente apenas familiarizar professores e alunos com o uso de computadores. Ou mesmo implementar, por enquanto, somente projetos-pilotos, para testar a validade dessa metodologia no país.

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