São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
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Governo teme a infiltração de radicais

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo teme que membros de organizações radicais se infiltrem e tumultuem a marcha dos sem-terra que está marcada para chegar a Brasília nesta quinta-feira.
Segundo a Folha apurou, o Ministério da Justiça foi informado dessa possibilidade pelo serviço de inteligência da Polícia Federal.
O receio maior é com relação a um grupo político de orientação stalinista que treina militantes em uma academia de musculação e já teria sido responsável pela provocação de tumultos em outras passeatas ocorridas em Brasília.
Por isso o ministério tentou impor ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) a proibição do uso de foices durante as manifestações.
No entanto, o MST e o governo petista do Distrito Federal, responsável pelo policiamento, não concordaram com o governo federal e decidiram manter as foices na passeata.
No trabalho feito pelo serviço de inteligência da PF e da Polícia Militar, ficou constatado que poucos sem-terra levariam foices na marcha, o que teoricamente não colocaria em risco a segurança da população e dos manifestantes.
Mesmo assim, o governo pretendia proibir as foices para que possíveis infiltrados não tentassem armar um falso incidente e, com isso, piorassem ainda mais as relações entre o MST e o Planalto.
A presença de foices foi aceita pelo Planalto depois que o governo petista do DF convenceu o Ministério da Justiça de que teria controle total sobre a segurança.
"O uso de enxadas e foices pelos sem-terra será admitido apenas como simbologia do movimento", afirma nota oficial distribuída pelo governo do DF.
O governador Cristovam Buarque está participando de uma feira de negócios na Alemanha, mas estará na cidade no dia 17 para recepcionar a chegada dos sem-terra.
"Todo brasileiro consciente deve lutar pela reforma agrária", disse ontem a governadora interina, Arlete Sampaio.
No dia da manifestação, o policiamento na Esplanada dos Ministérios será feito por 1.902 soldados da PM e agentes da Polícia Civil, além de 800 homens do Corpo de Bombeiros.
Nos cálculos da segurança do DF, a marcha chegará com 2.000 sem-terra e será acrescida de mais 2.000 simpatizantes de Brasília e outras partes do país. Calcula-se que 50 mil pessoas, entre manifestantes e curiosos, transitem pela Esplanada dos Ministérios no augeda manifestação -o ato político marcado para às 16h em frente ao Congresso Nacional.

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