São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
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Até namoro de participantes é politicamente engajado

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Valdirene de Oliveira, 20, em meio ao trabalho de organização da marcha oeste dos trabalhadores rurais sem terra, teve tempo para arrumar um namorado durante o trajeto até Brasília.
Sul-matogrossense, ela é uma das 11 integrantes da direção da marcha oeste.
"Não impedimos ninguém de namorar. O coletivo também tem de respeitar o indivíduo", disse Valdirene, que namora o sem-terra goiano Raul Silva, 26.
Os dois não são o único casal formado na marcha. Há vários jovens nessa situação. "Essa marcha vai dar em casamentos", afirmou Olival Dias, 23, namorado de Marcia Veiga, 18.
Namoro engajado
Para Valdirene, líder sem-terra que usa um boné do Chicago Bulls -time de basquete norte-americano-, o namoro tem de ser político e engajado.
"O movimento é um espaço superlegal para namorar. Não é namoro vazio, a gente discute idéias e não reproduz os preconceitos de outras relações", disse.
"Raul (o namorado) entendia pouco sobre o movimento. Essa relação faz com que ele saiba mais sobre a luta do MST", completou Valdirene.
Expulsão
Entre os sem-terra que partiram de São Paulo, um dos trabalhadores foi expulso da marcha sobre a acusação de namorar demais. O sem-terra admitiu ter se relacionado com várias mulheres na marcha, sob a alegação de que ele também poderia estar sendo traído por sua namorada na capital.

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