São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
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O melhor dos alvis (se não fosse o contexto...)

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, no território paulista, Corinthians e Palmeiras vêem dominando a cena depois que o São Paulo maior da era Telê Santana desapareceu.
O Santos, em pontadas aqui e ali (como a do Brasileiro de 95), e agora a chamada Lusa, também vêem apresentando boas temporadas, mas o fato é que a tônica desses anos intermediários da década de 90 ficaram, no Estado de São Paulo, preponderantemente marcados pela hegemonia alviverde/alvinegra.
No bojo dessa tendência, os dois nunca tiveram tão equilibrados como agora.
E equilibrados não no meio, mas na ponta: são dois ótimos elencos, francamente ofensivos, que os números mostrados no torneio paulista só, para a delícia das duas torcidas, confirmam.
O Palmeiras começou mais definido, enquanto o Corinthians demorava um pouco mais para fazer o seu ajuste (o time foi se plasmando em meio às competições).
Agora, parece que o alvinegro leva uma cabeça de vantagem: o time está, despudoradamente, sem medo da alegria.
Mas há, evidentemente, alguns inconvenientes.
Não adianta fingir: Palmeiras, Corinthians e seus respectivos patrocinadores preferem ganhar a Copa do Brasil a ganhar o Campeonato Paulista.
Portanto, para o alvinegro, por exemplo, o jogo de hoje contra o Atlético, do Paraná, é mais importante do que o clássico de domingo, contra o alviverde, que pouco mudará o rumo do Campeonato Paulista.
Além disso, essa bobagem de criar um torneio de quatro times para a disputar a final do campeonato vai diluir um pouco o confronto direto entre os dois, em um dos momentos de raro equilíbrio na grandeza entre as duas agremiações.
*
O número de pessoas que foi ao Morumbi, anteontem, ver o jogo entre o São Paulo e o Guarani, mostra o fracasso dessa fórmula do Paulista.
Depois, o quadrangular final infla artificialmente a média de público e a Federação sai alardeando que o Campeonato é um sucesso.
Com quantos fracassos se constrói uma mentira?
*
O velho Lobo do fut Zagallo deveria convocar o Giovanni para uma das quatro vagas do ataque (com Ronaldinho, Romário e talvez Jardel).
Assim, sobraria espaço para as convocações de Djalminha e Juninho, levando para a Copa o elenco completo dos jogadores mais criativos que o futebol brasileiro apresenta.
A suposta má fase de Giovanni no Barcelona não deve, a menos que fatos novos ocorram, ser motivo para a sua não-convocação.
Afinal, a sua última aparição na seleção, jogando em Goiânia, contra a Polônia, ao lado da dupla Ro-Ro, foi o fino da bola. Como não se via há muito tempo, némesmo?
*
Quem radicalizou mesmo foi quem escreveu a escalação do time do São Paulo no gerador de caracteres da Bandeirantes.
Em vez de escrever Marques, escreveu Marx. Comme il faut.
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Ou o Rio acaba com a violência no futebol ou a violência vai acabar com o futebol.

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