São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Maluf tenta evitar tiroteio voltando à Eucatex

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio ao tiroteio gerado pela CPI dos Precatórios, o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) optou por uma saída estratégica: uma sala da sua empresa Eucatex. Lá exerce de maneira inédita o papel de empresário.
É na Eucatex que Maluf está passando a maior parte do dia. Oficialmente, seus amigos dizem que a súbita dedicação do ex-prefeito à empresa é explicada pela nova conformação societária da mesma.
Recentemente, o ex-prefeito adquiriu a parte da empresa que pertencia a seus irmãos. Quem a dirige hoje é Flávio Maluf, filho do pepebista. Daí, a necessidade do apoio paterno nos negócios.
Os amigos, ainda segundo esse raciocínio, negam que o recolhimento da atividade explícita na política deva-se ao prejuízo causado pelo envolvimento de funcionários da administração municipal malufista (93 a 96) no escândalo dos títulos públicos.
É o interesse empresarial, sempre de acordo com os amigos, que levará Maluf à Alemanha, até o fim do mês. Ele e o filho irão comprar equipamentos para a empresa.
Maluf evita polemizar com integrantes da CPI. A avaliação é que a comissão tende a morrer de inanição, ou seja, nada encontrará para formalizar a responsabilidade direta dele ou mesmo de Celso Pitta.
Ao contrário, o governador Mário Covas tornou-se alvo do ex-prefeito. Depois de ser chamado por Covas de "maior fazedor de laranja que eu já vi na vida", Maluf contra-atacou ontem.
Em nota, Maluf diz que "a única coisa que funciona no atual governo de São Paulo é a língua do governador". Segundo ele, a língua do tucano "está sempre afiada para criticar aqueles que trabalham".
No trecho mais agressivo, afirma que, no governo Covas, "a polícia faz o que quer, as obras são superfaturadas e feitas sem concorrência e as empreiteiras amigas do palácio fazem a festa". No final, diz que Covas "não perde a pose".
A polêmica entre Covas e Maluf começou sábado, quando Maluf sugeriu que fossem investigadas contratações sem concorrência pública, feitas por estatal paulista, de empresas que contribuíram com a campanha de Covas.
No malufismo, aposta-se cada vez mais que Maluf já está de olho na sucessão estadual em 98.

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