São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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CPI apura divisão de lucro

LUCIO VAZ; OSWALDO BUARIM JÚNIOR; ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da CPI dos Precatórios, Roberto Requião (PMDB-PR), disse ter descoberto como funcionou a distribuição dos lucros pelo esquema de corretoras que negociava títulos públicos, envolvendo os tomadores finais -grandes bancos ou fundos de pensão.
"Quando rastreamos e descobrimos duas empresas com lucros, uma beneficia quem montou o esquema e a outra beneficia o tomador final. Se houver lucro em dois momentos da cadeia, temos dois ladrões", disse ele, que não apresentou provas das afirmações.
Requião disse que chegou à conclusão a partir de informações de duas pessoas que trabalham no sistema financeiro. Elas prestaram depoimento informal e secreto ao relator.
Requião deu um exemplo: "Num determinado caso, aparecem a IBF e a Vitória com lucro. A IBF favorece o grande banco e a Vitória é do esquema. É assim que fazem o fatiamento do dinheiro."
Para ele, a descoberta é fundamental. "Até aqui, quando aparecia lucro em dois momentos, a gente somava e jogava o lucro para um ladrão só."
Na tentativa de descobrir a suposta participação dos grandes bancos no esquema, a CPI aprovou ontem a convocação, sem data marcada, do operador da mesa do Bradesco e dos donos da empresa Paper, que fez a maior parte das negociações com o banco.
Requião e Vilson Kleinubing (PFL-SC) acertaram, ontem, viagem a São Paulo, na próxima semana, para ouvir novamente os donos das corretoras Split, Olímpia e Ativação.
A CPI também quer marcar encontro com o advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende Wagner Baptista Ramos, para pedir uma carta do ex-coordenador da Dívida Pública da Prefeitura de São Paulo autorizando a quebra do sigilo de suas contas no exterior.
Também foi convocado o ex-gerente de renda fixa do fundo de pensão Telos (dos funcionários da Embratel), Heitor de Barros.
Paraguai
Amanhã, o relator viaja a Assunção, no Paraguai, com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), para colher informações sobre lavagem de dinheiro no país.
Ele antecipa que "a possibilidade de trazer coisas concretas é pequena". Mas disse que "o que importa é a soma de pequenas informações. Se soubéssemos tudo, não precisaria CPI".
(LUCIO VAZ, OSWALDO BUARIM JÚNIOR E ALEX RIBEIRO)

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