São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Presidente explica por que mudou de posição

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso teve de explicar por que mudou de posição quanto ao extrateto salarial aos líderes governistas que se reuniram com ele ontem no Palácio do Planalto.
O extrateto permitiria vencimentos de até R$ 21,6 mil. No encontro, FHC chegou a mostrar a transcrição da entrevista que concedeu em Porto Velho no sábado.
Na ocasião, indagado sobre a reforma, FHC respondeu: "Não tem que haver nada de extrateto. De todas as emendas que foram apresentadas, a que pareceu que tinha alguma lógica era aquela (do acordo). Mesmo assim, aparentemente, houve uma consciência no próprio Congresso de que nem isso valeria a pena".
A posição de FHC contrária ao acordo irritou os líderes, que consideraram que o presidente teria atribuído a responsabilidade sobre a proposta aos deputados.
Segundo o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), o presidente considerou que a imprensa divulgou somente uma parte de suas declarações.
"O presidente manteve o mesmo discurso da semana passada. Não houve nada demais. Eu vi a transcrição", disse Benito.
Sobre o rompimento do acordo, o líder tinha a mesma justificativa apresentada por FHC no fim-de-semana: a reação da opinião pública contra a proposta.
"Não me pareceu (que o acordo) fosse uma coisa que ferisse tanto assim a consciência coletiva. Não obstante, feriu. Se feriu, melhor. O Congresso deve se ajustar ao que a população deseja", concluiu o presidente, em Rondônia.
Oposição
Com a polêmica do acordo parcialmente esclarecida, o governo partiu para o ataque à oposição.
Em discurso na filiação do governador Dante de Oliveira (MT) ao PSDB, FHC defendeu o fim da estabilidade para o funcionalismo e disse que a questão não pode ser resolvida com demagogia.
"(A reforma) não tem nada que seja lesivo ao interesse do funcionário. Ou por acaso, quando um funcionário reiteradamente demonstra que não tem condições de desempenho deva ser mantido à custa do governo, ou à custa do povo?", questionou.
O presidente afirmou que a quebra da estabilidade não "fere o interesse de ninguém". "A não-aprovação da reforma fere o interesse do povo, fere o interesse do Brasil", por "manter funcionários que não têm capacidade".
"Àqueles que acusam, nós iremos reverter a situação diante deles e mostrar que não, que nós estamos com a bandeira da igualdade, da Justiça. Nós estamos defendendo o interesse popular, nós estamos defendendo o dinheiro do povo", disse FHC.
E concluiu: "(A reforma) significa a possibilidade de dar melhores condições de trabalho para o funcionário, garantias para o conjunto da sociedade de que as regras que estão aí vão valer por muito tempo, e não só para uns privilegiados que já estão encastelados nelas".

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