São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Comprimido resolve impotência sexual

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS

Um simples comprimido, tomado cerca de meia antes, promete acabar com o drama e a infelicidade dos homens que não conseguem ter ereção suficiente para uma relação sexual.
A pílula da ereção -a substância sildenafil, batizada de Viagra- deve ser aprovada em meados do ano que vem pelo FDA, órgão do governo americano que controla remédios e alimentos. Outras duas drogas aguardam aprovação, a fentolamina e a apomorfina.
Só nos EUA, estima-se que entre 25 milhões e 30 milhões de homens sofram de alguma disfunção sexual, a maioria por impotência. No Brasil, seriam 10 milhões.
Nos vários trabalhos com o sildenafil apresentados no congresso da Associação Americana de Urologia, que acontece em Nova Orleans (EUA), o índice de sucesso ficou entre 77% e 80%. Cerca de 4.000 mil pacientes já foram ou estão sendo acompanhados.
Num dos principais estudos, coordenado pelo professor Tom Lue, da Universidade de São Francisco, na Califórnia, 77,8% dos homens disseram que o remédio melhorou o desempenho sexual.
"São resultados animadores", diz Joaquim de Almeida Claro, da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e diretor do departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
O comprimido necessita de um estímulo -visual, por exemplo- para fazer efeito. "Se a pessoa tomar o comprimido e for assistir a um programa político pela TV, a ereção não ocorrerá", diz Sidnei Glina, urologista da Instituto H. Ellis e chefe da clínica urológica do Hospital Ipiranga, de São Paulo.
No caso da papaverina e da prostraglandina aplicadas no pênis, a ereção acontecerá mesmo se o paciente brigar com a mulher e, em lugar de ir para a cama, for ao banco pagar contas.
Todos os medicamentos em uso atuam dilatando as artérias do pênis e relaxando a musculatura do corpo cavernoso. A duração do efeito dessas drogas -dependendo da dose- é de 3 a 5 horas.
A descoberta do uso do Viagra em disfunções sexuais aconteceu por acaso, dizem os médicos. A droga, que é um vasodilatador, estava sendo testada pelo laboratório Pfizer para dores no peito provocadas pela angina.
Os pacientes continuaram reclamando da dor, mas relataram uma grande melhora na performance sexual. Estava descoberto um filão que pode elevar às alturas as ações da Pfizer, prevêem os especialistas.
"Mesmo aprovada, ainda serão necessários alguns anos para saber, no dia a dia das pessoas, se a droga é muito boa", diz Sidnei Glina.

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