São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Falta de trem faz crescer acidente em via

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

A interrupção do trecho entre Francisco Morato e São Paulo da linha Jundiaí-Paranapiacaba da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos provocou a degradação e o aumento do número de acidentes na rodovia SP-332.
No dia 14 de outubro de 96, sete estações daquele segmento foram depredadas. A CPTM teve de interditar o trecho, e cerca de 60 mil pessoas ficaram sem o serviço, especialmente os moradores das cidades de Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato (35, 40 e 45 km ao norte de SP, nesta ordem).
Boa parte deles passou, então, a utilizar ônibus intermunicipais e lotações para chegar a São Paulo, onde trabalham, o que fez aumentar o tráfego na rodovia SP-332 (liga Jundiaí a Campo Limpo).
Com isso, a estrada se deteriorou. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), constatou-se recentemente a má conservação da rodovia, provocada pelo aumento de tráfego de veículos. O órgão promete implantar uma operação tapa-buracos na SP-332 dentro de uma semana.
O estado da rodovia fez o número de acidentes aumentar. A Polícia Rodoviária Estadual não tem dados mensais das ocorrências na estrada em 96.
Pelo número total de acidentes no ano passado (590), porém, chega-se à média de 49,2 por mês.
Nos três primeiros meses de 97, essa média atinge 59 acidentes mensais registrados na rodovia.
A média mensal de vítimas também cresceu: 17,6 (em 96) contra 22 (em 97). No ano passado, houve 1,2 vítima fatal por mês na estrada. Neste ano, foram duas.
O tráfego de ônibus levou danos às cidades. "O pouco asfalto que tínhamos acabou", disse o prefeito de Francisco Morato, Luiz Carlos dos Reis (PDT). Ele calcula um prejuízo de R$ 2 milhões.
"O grande prejuízo é social. O comércio perde movimento e aumenta o desemprego", afirmou o prefeito de Franco da Rocha, José Benedito Hernandez (PTB). Segundo ele, a falta de condução pode ter feito cerca de 16 mil pessoas da região perder os empregos.
Quem os manteve pagou mais (de R$ 1,30 a 1,40 por viagem de ônibus, contra R$ 0,80, de trem) para chegar ao trabalho.
"Pesou no bolso do pessoal. O custo do ônibus é maior. Vieram também os lotações irregulares, que estão transportando ilegalmente", contou o prefeito de Caieiras, Pedro Nunes, do PFL.
Reativação
O secretário-adjunto dos Transportes Metropolitanos, Miguel Kozma, disse que não sabe a extensão dos danos provocados à rodovia SP-332, mas reconheceu que a falta de trens "causou muitos transtornos e o tráfego foi muito acima da capacidade da estrada".
"Se houve dano, será recuperado", afirmou. Segundo ele, o serviço de trens será reativado na última semana do mês. As composições circularão em intervalos de 11 minutos. O governo investe R$ 176 milhões na reforma "para dar à ferrovia condições de funcionar com confiabilidade, maior conforto e sem atrasos", disse Kozma.

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