São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Caixa Econômica sem agências

LUÍS NASSIF

A caixa econômica da França -Caisse des Dépôts et Consignations (CDC), estatal- tem ativos totais da ordem de US$ 400 bilhões e nenhuma agência em operação. Vale-se exclusivamente da rede estatal dos correios.
Recebe recursos de depósitos judiciais, administra o seguro social da França e empresta dinheiro para financiamentos sociais a taxas subsidiadas, e para crédito, a taxas de mercado.
A informação é do diretor-geral, Philippe Lagayette, que veio ao Brasil a convite da Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo.
A Caisse foi criada em 1816, com a função de financiar habitação social. Depois diversificou e passou a atuar fortemente junto às municipalidades, financiando a infra-estrutura urbana, inclusive participando acionariamente de sociedades de economia mista que exploram as concessões municipais.
É uma atividade tranquila. Não existe nem precatórios nem inadimplência no setor público. Mas nem essa situação estável a livrará da enorme competição que se instalará entre os bancos europeus, a partir da unificação monetária e da criação da moeda única, o euro.
Há dois fantasmas rondando os bancos europeus. O primeiro, o fim das lucrativas operações de câmbio. O segundo, os custos da intermediação financeira, que terão que ser comprimidos para permitir sobreviver no ambiente competitivo que vem por aí.
Na opinião de Lagayette, a unificação monetária aumentará substancialmente as operações de câmbio entre o euro e o dólar ou o yen, compensando o fim das operações européias.
Haverá pouco espaço para os bancos nacionais. Eles continuarão com boa vantagem comparativa no varejo, na atração das pequenas contas, graças à sua estrutura de agências já consolidada. Mas, com os avanços da informática, as grandes contas serão disputadas a golpes de foice.
O aumento da competição já provocou as primeiras alterações no sistema bancário francês. Aboliu-se a lei que proibia os bancos de abrirem aos sábados. Haverá cada vez mais flexibilidade permitindo abrir por mais tempo também durante os dias da semana.
Pimenta no olho alheio
Recebo do senador Espiridião Amin (PPB-SC) a seguinte correspondência:
"Jornalista Luís Nassif,
"Em atenção ao texto 'Torquemada Queimado', de sua autoria, julgo de meu dever esclarecer:
1) "o relatório que aprova a emissão de títulos para pagamento de precatórios pela Prefeitura de São Paulo, objeto de investigação da CPI (Resolução nº 85/94) não foi 'conduzido' nem produzido pelo senador Espiridião Amin.
2) "desconheço que o senhor Wagner Ramos tenha telefonado para o 'comitê eleitoral de Ângela Amin, esposa de Espiridião'. Telefonou? Quando? De que telefone para que telefone?
3) "não é verdade que eu esteja tentando consolidar versão inicial da CPI. Tenho procurado, inclusive sobre um mercado financeiro em que há vendedores e compradores 'unidos' pela presença de intermediários muito peculiares. Tenho aprendido, inclusive, com sua coluna, mesmo divergindo de seu entendimento muitas vezes.
4) "quanto ao meu sigilo, ele esteve e estará -sempre- disponível. Quanto a declarar-me impedido de continuar integrando a CPI, constatação sua, fico imaginando que, se for honesta, é uma sugestão que agradará a tantos 'cidadãos prestantes' envolvidos no caso que, se eu a concretizasse, seria justo suspeitar de um 'arranjo'.
"Se tenho sido -a afirmação é sua- um Torquemada, peço desculpas.
"Cordialmente,
"Espiridião Amin".
Resposta: Está desculpado. A coluna apenas estranha que o senador coloque em dúvida informações que os nobres senadores da CPI têm transmitido aos setoristas do Senado, de maneira tão abundante e responsável. Nas entrelinhas, estaria o ilustre senador Amin sugerindo que esse estilo de vazamento e de disseminação de rumores poderia eventualmente estar sendo utilizado com pouco critério?

Email: lnassif@uol.com.br

Texto Anterior: Pensão judicial é rendimento tributável
Próximo Texto: Medida anticonsumo pode ser aprovada já neste mês
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.