São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Afogando em dados

MARIA ERCILIA
DO UNIVERSO ONLINE

"Data Smog" (poluição de dados) é um manual para lidar com o excesso de informação. O livro, recém-lançado nos EUA, é sintomático de um mal que apenas começa a nos afligir. David Shenk, seu autor, acredita que a informação em quantidades exageradas ameaça a capacidade de educação e deixa os indivíduos mais vulneráveis ao consumo.
Shenk propõe regras práticas para combater o mal. Aconselha que as pessoas limitem o envio de mensagens de correio eletrônico, por exemplo. Segundo ele, é tão fácil enviar e-mails que as pessoas abusam, passando adiante para uma lista enorme de amigos todo tipo de historinhas, piadas, correntes etc.
Essa é uma síndrome comum. O correio eletrônico começa como uma novidade deliciosa. Em pouco tempo passa a tomar uma parte enorme da sua vida. Você assina umas três ou quatro listas, troca mensagens regulares com amigos e colegas de trabalho, talvez receba uns dois ou três serviços noticiosos.
Pronto, duas ou três horas do seu dia, e você nem respondeu a tudo. Em princípio, o correio eletrônico fez você ganhar tempo, evitando telefones ocupados e o fax, menos prático. Agora o volume do seu mail ameaça destruir a vantagem.
Algumas pessoas nunca chegam a esse ponto. Como tudo, a comunicação pode virar um vício -ou não.
Alguns desenvolvem soluções para lidar com o problema. Um amigo restringiu o envio e recebimento de mensagens a determinada hora do dia.
Outros simplesmente deixam as mensagens se acumularem, como aquela pilha de jornais e revistas e textos variados que você deixa para ler mais tarde. Depois de algum tempo, apagam o que afinal não era muito importante. Não é exatamente uma solução, mas tira o problema da frente deles...
Shenk aconselha evitar o consumo excessivo de "pílulas" de informação: cotações da Bolsa que chegam de dez em dez minutos, resultados esportivos, atualizações de notícias etc. Seu remédio é o óbvio: fechar os olhos e os ouvidos para esses miniassaltos informativos e procurar ler artigos mais longos e analíticos, que forneçam mais contexto.
Ele sugere usar máquinas mais simples para escrever, por exemplo. Processadores de texto que não interrompam o fluxo do pensamento com imagens, barulhos e avisos de chegada de mensagens.
Não seria mais simples, porém, desligar a conexão e usar um editor de texto do que comprar mais uma máquina?
Shenk chega a mencionar o modelo e a marca do computador que considera ideal para se isolar do mundo -cheira a merchandising. Chega a ser patético que, ao propor uma "volta à simplicidade" (suas palavras), ele precise recorrer a uma marca específica e um novíssimo modelo de máquina. Imagine se ia sugerir, por exemplo, reciclar computadores velhos. Afinal, "downteching" (palavra que ele usa) pode ser um nicho de mercado.
Empurrão
A corrida pela tecnologia do empurrão continua. A Netscape lança uma tecnologia própria, Netcaster. Anunciou ontem parcerias com mais de 20 empresas, entre elas CNN, Time Warner e Wired. Tanta é a onda que Kim Polese figura na nova lista da "Time", das 25 pessoas mais influentes dos EUA. Polese, que participou da equipe de desenvolvimento do Java, fundou no ano passado uma companhia chamada Marimba, que produz software para enviar conteúdo por meio de canais na Internet.
Só que a Marimba é uma empresa pequena, que nem conseguiu um número de usuários importante. Polese está sendo meio empurrada...

Como você lida com o excesso de informação? Mande sua mensagem para netvox@uol.com.br

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