São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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HOMEOPATIA ECONÔMICA

Primeiro foram declarações de Gustavo Franco, diretor do BC. Depois, o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, reconheceu também a eventual necessidade de frear a economia. Aos poucos, a equipe econômica dá sinais de preocupação diante da mudança no cenário financeiro mundial e das evidências de que setores como o de eletroeletrônicos e de outros bens duráveis podem estar aquecidos demais.
A atenção a esses setores é compreensível. O governo não está tão preocupado com o aquecimento da economia, mas com o excesso de importação. E o consumo de bens duráveis estimula a compra no exterior de componentes e máquinas. Como a política econômica adota cada vez mais uma ótica setorial, mais medidas tópicas são prováveis.
Restrições a prazos de financiamento, a consórcios, à captação de recursos externos, enfim, há uma parafernália de recursos que podem ser utilizados sem que se produzam efeitos sobre toda a economia. Os instrumentos de efeito mais geral, tais como as taxas de juros ou medidas mais amplas de contenção do crédito ao consumidor, teriam o efeito colateral devastador de fragilizar novamente as empresas e instituições financeiras que, nos últimos meses, superaram a crise de 1995.
O governo opta por enquanto por uma abordagem "homeopática", cujo objetivo não é eliminar o déficit comercial, mas apenas interromper a rota de desequilíbrios crescentes.
Mas, assim como práticas homeopáticas devem às vezes ser abandonadas para enfrentar enfermidades mais agudas, também o Planalto pode ser levado a adotar terapias mais violentas. Se as condições de financiamento externo piorarem, prolongando o quadro atual de perda de reservas, pode ser necessário até um torniquete sobre o crescimento.

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