São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Laudo adia júri de PM de Vigário Geral

FERNANDA DA ESCÓSSIA
SERGIO TORRES

FERNANDA DA ESCÓSSIA; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Defesa e acusação convencem juiz de que precisam analisar nova prova, anexada ao processo anteontem

O julgamento de 17 acusados pela chacina de 21 moradores de Vigário Geral (zona norte do Rio), que deveria acontecer ontem, foi adiado uma hora e 15 minutos após iniciada a sessão.
Os promotores e as defesas convenceram o juiz José Geraldo Antônio, presidente do 2º Tribunal do Júri, de que o julgamento teria que ser adiado por causa de um laudo anexado ao processo na noite de anteontem.
Feito pelo Instituto de Criminalística da Secretaria da Segurança de Minas Gerais, o laudo diz que uma bala achada junto dos ossos de uma vítima exumada partiu da pistola calibre 7,65 pertencente ao ex-policial militar Gilson Nicolau Araújo, um dos réus no processo.
Tanto a promotoria quanto as defesas disseram precisar analisar o laudo. O juiz adiou o julgamento por tempo indeterminado, à exceção do ex-PM Paulo Roberto Alvarenga, cuja defesa pediu a realização do júri o mais rápido possível.
O juiz desmembrou o processo e marcou o julgamento de Alvarenga para o próximo dia 24.
O novo laudo mudou o rumo do julgamento. Ele foi preparado em Minas porque o Instituto de Criminalística do Rio alegou não ter condições técnicas para confrontar as balas com as armas apreendidas com os réus.
O exame deu positivo para a arma do acusado Araújo, que reagiu à conclusão. "Se tivesse participado, eu ia dar minha arma para examinarem?", perguntou.
O advogado do réu, Temístocles Faria Lima, disse desconhecer a conclusão do laudo.
Três peritos de Minas compararam cerca de 50 armas com nove balas e dois fragmentos achadas junto das ossadas. As balas e fragmentos foram recolhidas nas exumações de 17 vítimas, em 1996.
Espécie de porta-voz dos réus, o ex-PM Sérgio Borges falou sobre as suspeitas do grupo de 14 policiais que, como ele e Araújo, aguardam julgamento livres.
"Quem me garante que aquilo (as balas) não foi posto ali dentro (dos caixões)?", disse.
Os promotores José Piñeiro Filho, Maurício Assayag e Márcio Chut criticaram o governo do Estado. Segundo eles, na época da chacina o Instituto de Criminalística informou que, por causa de falta de raios X, os cadáveres poderiam ter balas não localizadas.
Houve tensão ontem nos corredores do 2º Tribunal do Júri, quando familiares das vítimas de Vigário Geral se encontraram com 14 dos réus acusados pela chacina.
Não houve troca de acusações ou ameaças, mas muitos dos moradores choraram.

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