São Paulo, sábado, 19 de abril de 1997
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Segurança do Planalto barra três 'extras'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um tumulto no saguão do Palácio do Planalto atrasou em uma hora e quinze minutos o encontro dos sem-terra com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
O MST levou três pessoas a mais para a reunião, além das 23 esperadas. Além disso, chegou às 16h05, cinco minutos atrasado.
A segurança do Planalto barrou os três: o coordenador nacional da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Antônio Carlos Spis, o representante da CPT (Comissão Pastoral da Terra), d. Heriberto Hermes, e o índio pataxó Jerson de Souza Mello. Spis coordenou, no início do governo FHC, uma greve dos petroleiros que durou 31 dias.
Os barrados ficaram no saguão, junto com um grupo de sem-terra liderado por José Rainha Jr., da direção do MST. Sem saber que os colegas haviam sido barrados, João Pedro Stédile, também do MST, subiu com outro grupo, mas permaneceu no segundo andar.
"Não vai ter audiência enquanto não tiver todo mundo participando. Os documentos da reunião estão aqui comigo", disse Rainha.
Os barrados só foram liberados depois de 45 minutos. Cerca de 25 seguranças formaram um cordão em frente aos dois elevadores do saguão. Só saíram quando o gabinete de FHC deu o sinal verde.
Depois que todos sentaram, FHC pediu que os fotógrafos saíssem da sala. Disse que queria conversar "intimamente" com os líderes.
Os líderes trouxeram um "presente" para FHC. Embrulhado na bandeira do Brasil, eles entregaram um abaixo-assinado com 20 mil assinaturas contra a venda da Companhia Vale do Rio Doce.
Política econômica
FHC se recusou ontem a discutir a política econômica do governo com os líderes do MST e tratou de limitar a conversa à reforma agrária. "Estou aqui nesta cadeira porque tive votos", reagiu o presidente ao fato de os líderes responsabilizarem o governo pelo desemprego e pela crise social no campo.
FHC disse que o aumento do desemprego se deve à "conjuntura internacional" e não à política econômica do governo.
Durante a reunião de mais de uma hora, FHC cumprimentou os líderes dos sem-terra pela marcha a Brasília. Mas não se tocou na palavra "invasão".

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