São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997 |
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Para indigenista, ataque foi "selvageria"
JOÃO BATISTA NATALI
"O impacto da notícia me foi muito forte", disse d. Aparecido, que também é bispo de Boa Vista, em Roraima. Sem ter certeza de que o grupo de rapazes que ateou fogo a Santos sabia tratar-se de um índio, o presidente do Cimi diz que, mesmo assim, o que ocorreu "foi um ato muito claro de agressão contra um pobre, alguém sem posses". A agressão foi, assim, o produto de uma discriminação contra um pobre, circunstancialmente obrigado a dormir na rua, disse. Para esses rapazes, prosseguiu, "a vida não vale absolutamente nada, e esse desprezo pela vida é algo extremamente grave", capaz de gerar preocupação sobre os valores que eles defenderão quando se tornarem verdadeiramente adultos. A hipótese, mesmo remota, de os agressores saberem que se tratava de um índio caracterizaria, para d. Aparecido, algo muito pior: "um assassinato seletivo". É preciso também que se esclareça, prosseguiu o bispo, as circunstâncias que forçaram o índio pataxó a ficar ao desabrigo. É preciso saber qual a responsabilidade dos proprietários da pensão em que ele estava hospedado em Brasília, que não teriam permitido sua entrada numa hora tardia. Foi, de qualquer modo, "uma selvageria", concluiu. O ex-presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) e coordenador de um dos programas do Instituto Socioambiental, Márcio Santilli, qualificou o atentado de "uma monstruosidade indescritível". (JBN) Texto Anterior: LIVROS JURÍDICOS Próximo Texto: Pesquisador quer campanha Índice |
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