São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Real une farmácias e atacadistas

Empresas buscam mais lucro

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A estabilização nos preços dos remédios está levando os distribuidores de medicamentos e as farmácias a trabalharem de forma mais cooperada para buscar preços competitivos, aumentar vendas e obter maior rentabilidade.
Acostumados a comprar os produtos nos laboratórios antes dos aumentos de preços e vendê-los após os reajustes autorizados pelo governo, os distribuidores -e as farmácias- estão agora se mexendo para obter lucro na operação.
Para isso, vale uma minuciosa seleção de distribuidores e de farmácias -cada setor faz sua escolha- e, como consequência, um trabalho em parceria. A estratégia do distribuidor é garantir a venda, e a da farmácia, a competitividade. Ambos buscam o maior lucro.
A Predimar Distribuidora Farmacêutica decidiu lançar uma franquia de farmácias -a Farmais. Ela criou um modelo padrão de farmácia e passou a procurar aquelas que tinham condições de se adaptar ao modelo.
Hoje já são 290 no país. A Predimar fechou ainda contrato com mais 400. "Até o final deste ano queremos ter 700 Farmais no Brasil", diz Nelson Makoto Tachibana, diretor de franquias. A transformação de uma farmácia para uma loja da rede Farmais pode custar de R$ 10 mil a R$ 30 mil.
Com a franquia, conta ele, a Predimar ganha prioridade na distribuição de medicamentos. "Pelo menos metade da necessidade da farmácia vem da Predimar."
Em troca, a farmácia, que paga ainda uma taxa mensal equivalente a dois salários mínimos, tem o seu pessoal treinado. Outra taxa de R$ 500 paga mensalmente vai para gastos com publicidade da rede.
"As franquias asseguram maior volume de vendas e melhores condições de negociações com os laboratórios." As lojas Farmais já participam com 16% do faturamento da Predimar.
Exigência do mercado
A parceria mais intensa entre os distribuidores de medicamentos e as farmácias se tornou uma exigência do mercado, afirma João Franco de Godoy Filho, presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas e Medicamentos no Estado de São Paulo.
Ele conta que os atacadistas de remédios faturaram no ano passado perto de US$ 5,6 bilhões. Com o Real, diz, o número desses distribuidores -cerca de 200 no Estado de São Paulo- já caiu uns 30%.
Uma das ações mais comuns depois do Plano Real, conta Pedro Zidoi, presidente da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico, é a formação de grupos -de 50 a 200 farmácias- para negociar descontos com fornecedores.
"É dessa forma que o varejo está conseguindo estabelecer sua margem de lucro." Ele diz que uma farmácia bem-sucedida está conseguindo obter 2% de lucro líquido. Nos tempos de alta inflação, conta, esse percentual chegou a 10%.
Zidoi diz que as farmácias estão dispostas a trabalhar em parceria com os atacadistas, mas discordam do fato de os distribuidores abrirem suas próprias redes. "Eles se tornam concorrentes com vantagens porque obtêm maiores descontos dos laboratórios."

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