São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997 |
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A FASE SILENCIOSA A CPI dos Precatórios, as cenas de violência policial e as vexatórias negociações de privilégios parlamentares são três escândalos que envergonham o país. Após o estardalhaço inicial e uma justa comoção, o andamento desses casos entra agora em fase mais silenciosa. Trata-se do período mais importante, no qual será definido se haverá consequências ou impunidade e acomodação. Nesse momento, há risco maior de que se reorganizem velhos interesses, esquemas espúrios e poderosos. O inquérito e o julgamento dos policiais que foram filmados extorquindo, torturando e matando certamente levam tempo. É preciso que a sociedade não esqueça o assunto. No caso do teto salarial, a tentativa dos deputados de legislar em causa própria parece abortada pela veemente condenação pública. Mas não se pode descartar a possibilidade de que eles procurem outra forma de contornar a barreira da moralidade. De sua parte, a CPI do Senado já obteve fortes indícios de esquemas fraudulentos. Podem estar envolvidas as maiores autoridades de Estados e municípios. A divulgação desses fatos serviu para alertar a opinião pública. Cabe agora um trabalho meticuloso que reúna provas e dê consistência ao que foi descoberto. É nessa fase de pouca visibilidade que se decide o destino da CPI. Não é demais lembrar que, após o impeachment, o ex-presidente Collor acabou absolvido na Justiça. Apesar dos escandalosos indícios do esquema PC, a base legal da acusação mostrou-se frágil. Que o mesmo não ocorra com os que lucraram ilegalmente com títulos públicos. O processo pelo qual o Brasil poderá consolidar práticas mais decentes não ocorre no ritmo das manchetes, mas nos silenciosos procedimentos que vêm a seguir. É preciso atenção. Texto Anterior: O EURO E O BRASIL Próximo Texto: Reforma agrária com fritas Índice |
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