São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Legista não acha sinal de cobertor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os médicos legistas que fazem o laudo cadavérico do índio Galdino Jesus dos Santos não encontraram nenhum sinal de que ele usava cobertor quando foi queimado.
Segundo eles, se houvesse uma manta ou cobertor, restos do tecido ficariam grudados na pele ou deixariam lesões nas áreas onde não havia roupas.
Como, em geral, os cobertores são feito de material sintético (o da pensão onde Galdino Santos morava era de acrílico), ele ficaria grudado na pele -o que aconteceu com a sunga que ele usava.
A Folha ouviu ontem dois dos bombeiros que prestaram socorro ao índio e o levaram ao hospital. Eles afirmaram que havia apenas restos de uma sunga, de lycra, colados no corpo.
No hospital, os médicos arrancaram os restos da sunga, o que acabou por retirar a pele mais profundamente. Esse trauma de pele ficou registrado no cadáver.
O fogo que resultou na morte do índio pataxó atingiu primeiro o lado esquerdo dele -a parte do corpo que estava em contato com o banco da parada de ônibus-, e começou pelas pernas, subindo depois que ele se sentou sobre uma poça de álcool formada no banco.
Essa descrição deve fazer parte do laudo final do IML (Instituto Médico-Legal), que deve ser divulgado hoje. Pelas fotos que integrarão o laudo, os legistas puderam ver que o lado esquerdo do índio foi o mais atingido pelo fogo.
O laudo, que descreve o local e o método usado no incêndio, previsto para hoje -e que também não cita vestígios de cobertor-, pode atrasar por um problema num aparelho usado para testes.

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