São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Fuso; Modernidade 1; Modernidade 2; Prejuízo; Vargas Llosa; Uruguai; Retorno; Aulas; Lamento; 'Derrota militar'

Fuso
O chanceler do Japão, Yukihiko Ikeda, chegou ontem a Lima e passou a tarde reunido com representantes diplomáticos japoneses e o embaixador Morihisa Aoki -que está em cadeira de rodas. Discutiram a crise e seus efeitos nas relações Tóquio-Lima.

Modernidade 1
Os hotéis de Lima se adaptaram à invasão de jornalistas decorrente da ocupação da casa do embaixador do Japão nos últimos quatro meses. Pelo menos dois dos principais hotéis trocaram seu sistema de telefonia, equipando os quartos com aparelhos dotados de plugues para permitir envio de textos.

Modernidade 2
Se trouxe avanço aos hotéis, a horda de jornalistas inflacionou o mercado de táxi em Lima. No Peru, basta colar um adesivo colorido escrito "táxi" para trabalhar. Em janeiro, uma corrida entre o Palácio de Governo e a casa ocupada pelo MRTA saía por cerca de US$ 4. Ontem, US$ 7.

Prejuízo
Pelo menos 20 pessoas estão tristes com o fim da crise dos reféns em Lima. São os ambulantes que vendiam de tudo para os jornalistas acampados em frente à residência do embaixador no distrito de San Isidro. "Não sei como vai ser agora", disse a desempregada Maria Díaz, que passou os últimos dois meses driblando a polícia para vender doces na região.

Vargas Llosa
O escritor peruano Mario Vargas Llosa disse que o presidente Alberto Fujimori vai usar o sucesso da operação militar em Lima "para limpar as manchas de seu governo e negar as violações de direitos humanos". Vargas Llosa enfrentou Fujimori nas eleições presidenciais de 1990, vencidas pelo último.

Uruguai
Sonia Gora e Luis Samaniego, dois supostos membros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, aguardam no Uruguai decisão sobre pedido para alcançar o status de refugiado político feito junto à ONU. Os dois, que haviam sido detidos em 1995, foram libertados um ano depois, quando a Justiça não atendeu a pedido de extradição do Peru.

Retorno
Os cinco parlamentares que estiveram 126 dias entre os 72 reféns do MRTA voltaram ontem ao Congresso peruano. Carlos Blanco, Eduardo Pando, Luis Chang, Samuel Matsuda e Gilberto Siura, todos da aliança governista Cambio 90-Nova Maioria, foram aplaudidos de pé pelos colegas.

Aulas
O general Carlos Domínguez, ex-chefe da polícia antiterrorista do Peru, ensinou francês ao líder do MRTA Néstor Cerpa Cartolini enquanto foi mantido como refém em Lima. Segundo o "El Comercio", outros guerrilheiros se juntaram a Cerpa nas aulas. Ele planejaria se reunir com seus filhos e sua mãe em Nantes (França).

Lamento
O porta-voz da chancelaria de Cuba, Alejandro González, disse que seu país lamenta a perda de vidas humanas e lembrou que o regime do presidente Fidel Castro estava disposto a contribuir para uma solução pacífica da crise. Foi o primeiro pronunciamento do regime comunista sobre a operação militar no Peru. O governo cubano, em nenhum momento, condenou a ação do MRTA.

'Derrota militar'
Juan Carlos Caballero, um dos quatro membros do MRTA presos na Bolívia, admitiu hoje que sua organização sofreu derrota militar em Lima. "A verdade é que foi uma derrota militar", reconheceu Caballero em entrevista por telefone ao jornal "La Razón".

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