São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Tiro mata segurança de fazenda no Paraná

Funcionário acusa sem-terra

DA AGÊNCIA FOLHA

Um confronto na manhã de ontem entre sem-terra e seguranças da fazenda Borborema, em Tamarana (norte do Paraná) provocou a morte de uma pessoa e ferimentos em outras duas.
A fazenda, de Chafic Burian, está ocupada há dez meses por 60 famílias de trabalhadores sem terra.
Segundo o administrador da fazenda, Jeremias Gonçalves, cerca de 20 sem-terra invadiram na manhã de ontem a sede da fazenda e mataram José Lopes de Oliveira, 35, conhecido como "Django", com um tiro na cabeça.
Ainda de acordo com Gonçalves, Edson Ricardo Sena, 22, teria sido espancado pelos sem-terra e recebeu um tiro na perna. Um trabalhador sem-terra também teria sofrido ferimentos na perna direita.
A coordenação regional do MST em Londrina negou a responsabilidade dos sem-terra pela morte.
O segurança Sena prestou depoimento na noite de ontem ao delegado Nasser Salmen, de Londrina, e foi liberado, depois de exames de lesões corporais.
Em seu depoimento, disse que ele e Django faziam parte de um grupo de sete homens contratados no sábado pelo dono da fazenda para retirar os sem-terra da fazenda Borborema, de 1.542 hectares.
Acordo
O proprietário tinha liminar de reintegração de posse da área, não cumprido por acordo de trégua entre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a Sociedade Rural do Paraná.
O acordo previa que a permanência dos sem-terra na fazenda seria tolerada enquanto houvesse negociações para futuras desapropriações. Em troca, os sem-terra interromperiam as invasões.
Chafic Burian não foi localizado ontem em Londrina. O telefone de sua casa estava programado para não receber ligações.
Josmar Choptian, do MST em Londrina, disse que a entidade só vai se manifestar quando tiver "um quadro real do fatos".
O corpo de Django foi encaminhado ao Instituto Médico Legal.

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