São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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PM é indiciado por explorar menor em AL

Vizinhos fizeram a denúncia

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O soldado da PM de Alagoas José Cícero Pereira Malta será indiciado hoje na Delegacia dos Crimes Contra a Criança e o Adolescente de Maceió acusado de explorar sexualmente as garotas A.L.M, 15, A.S., 15, E.P.M,, 14, e M.N.S., 15.
Ele foi denunciado por abaixo-assinado feito por vizinhos de seu bar, o Malta's Bar, no Vergel do Lago, bairro próximo ao centro de Maceió. Em depoimentos ao delegado Paulo Braz da Silva, os vizinhos, que não querem ser identificados, disseram que o soldado chegava apontar o revólver para as meninas, na tentativa de obrigá-las a manter relações sexuais com os clientes do bar.
"Toda essa violência era feita na calçada do bar, na rua, o que chocava os vizinhos, que demoraram a denunciar temendo o soldado", afirmou o delegado Silva.
A versão dos vizinhos foi confirmada também pelos depoimentos das garotas exploradas e pelo da mulher do PM, Josineide Malta, 21. Josineide contou detalhes da exploração à polícia. Disse que foi com o marido há quatro meses para o sertão de Alagoas e Sergipe onde contrataram as meninas para "servir no bar".
Segundo ela, o marido chegou a dizer, antes mesmo de levar as menores para Maceió, que, se algum cliente quisesse fazer sexo com elas, o preço seria R$ 15.
O soldado Malta, que apesar de ter o mesmo sobrenome da ex-primeira-dama Rosane Malta Collor de Mello não é parente dela, está preso desde a última quarta no Comando Geral da PM, em Maceió.
Ele será indiciado hoje, após seu depoimento. O Malta's Bar foi fechado pelo delegado Silva há dez dias. Segundo o delegado, antes de ser preso, o soldado tentou intimidar os pais das menores. Um deles registrou queixa formal contra o PM, o que possibilitou ao delegado instaurar inquérito.
O crime de corrupção de menores depende de denúncia das vítimas ou de seus parentes para poder ser investigado.
O delegado disse que o PM será indiciado pelos crimes de corrupção de menores e rufianismo (tirar proveito de prostituição alheia), que podem dar pena de 4 a 13 anos de prisão. "O PM ficava com todo o dinheiro dos programas forçados", disse o delegado.

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