São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Febeapás

CELSO LODUCCA

Está acabando a grande temporada dos festivais de criação. Falta Cannes e mais um ou dois. Como sempre, alguns reclamam de marmelada, venalidade, e outros defendem os resultados se escondendo atrás de uma suposta escolha democrática.
Do ponto de vista da minha agência, não tenho do que reclamar. Pelo contrário, tivemos um desempenho maravilhoso; para falar a verdade, surpreendente. Mas o mais surpreendente de tudo é que as peças da agência que foram premiadas coincidiram muito pouco entre um festival e outro. E quando coincidiram, houve discrepâncias absurdas de avaliação -como a mesma peça ser considerada Grand Prix em um festival e nada no outro. Claro que a primeira reação foi questionar a consistência criativa do trabalho da minha agência. Mas tive o cuidado de consultar outras agências que também estão acostumadas a ganhar muitos prêmios e elas também estão tão surpresas com os resultados quanto eu. Para citar um exemplo, a campanha feita para mídia impressa que ganhou o Grand Prix do Fiap (Festival Ibero-americano de Propaganda) nem sequer foi selecionada no Anuário do Clube de Criação de São Paulo.
Quem errou? O júri brasileiro ou o júri internacional? Pode uma peça ser considerada a melhor entre todos os países de língua latina e não ser nem mais ou menos aqui no Brasil? Qual dos festivais é o mais "certo"? Em qual deles você deve acreditar? Em todos os festivais. E em nenhum. Na verdade, o conceito de boa propaganda vem evoluindo e se ampliando. Antes, havia uma formulinha para fazer comerciais premiados. Tudo era previsível, já que, por incrível que pareça, nada é mais conservador e reacionário que publicitário julgando o trabalho do outro. Essa confusão de critérios está refletindo o amadurecimento e a mudança profunda que a propaganda está passando.
Bem-vinda, diversidade! Adeus, truquinhos. Bye-bye, trocadilhos.

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