São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Maioria em Israel apóia Estado árabe

Rejeição a palestinos diminui

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pela primeira vez, nos últimos dez anos, mais da metade dos israelenses (51%) apóiam a criação de um Estado palestino, constatou pesquisa da Universidade de Tel Aviv (na costa de Israel).
Segundo o professor Asher Arian, do Centro de Estudos Estratégicos daquela universidade, a rejeição aos árabes vem diminuindo. "Eu tenho feito estas pesquisas há dez anos, e esta é a primeira vez em que o apoio ultrapassa os 50%", disse Arian. O professor disse ainda que 77% pensam ser inevitável a criação de um Estado palestino nos próximos dez anos.
Segundo Arian, 19% acham que "os árabes querem destruir o Estado de Israel". O número vem baixando. Em 1996 foi de 28% e, em 1991, de 49%. A pesquisa, por outro lado, revelou que 49% dos israelenses ainda se opõem à criação de um Estado palestino.
O estudo de Arian foi realizada no final de fevereiro e início de março, antes do impasse que marca o atual estágio da relação árabe-israelense. As negociações de paz estão paralisadas desde o início da construção de colônia israelense em Jerusalém oriental, local reivindicado pelos palestinos.
Choques têm sido constantes entre entre manifestantes palestinos e soldados israelenses. Ontem, em Haras (sul da Cisjordânia) um palestino morreu e dois ficaram feridos quando soldados de Israel responderam a bala ataque com pedras dos árabes.
Crise interna O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, enfrenta, além da tensão com o mundo árabe, uma crise interna. O dirigente, sustentado por uma coalizão de direitistas e religiosos, foi acusado de tráfico de influência.
Netanyahu teria nomeado para o cargo de procurador-geral Roni Bar-On a fim de obter o apoio do partido Shas no acordo sobre a retirada parcial israelense de Hebron. O líder do partido Shas, Aryeh Deri, amigo de Bar-On, teria proteção deste em processos de corrupção nos quais é réu.
Ao final das investigações sobre o caso, a promotoria disse que apenas Deri será acusado. Segundo o órgão, Netanyahu não seria denunciado por falta de provas.
Eleições
O premiê, apesar de inocentado, saiu enfraquecido da crise. Ontem, Netanyahu rejeitou convocar eleições antecipadas, como havia pedido a oposição. "Não tenho intenção de convocar eleições antecipadas. Pretendo corrigir o que for necessário e seguir adiante."
O premiê pode se ver obrigado à convocação se o Shas abandonar a coalizão que sustenta o governo, deixando-a minoritária. O partido não gostou do resultado das investigações sobre tráfico de influência, em que o maior prejudicado foi seu líder.
Caso as eleições fossem hoje, Netanyahu seria derrotado. O atual Parlamento e o premiê foram eleitos conjuntamente por voto direto em 1996. Segundo pesquisa, o premiê teria 33% dos votos contra 42% para o líder do Partido Trabalhista, Shimon Peres.

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