São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Arequipa convive com preconceito

CLAUDIO GARON
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU

Capital da "república independente de Arequipa", a cidade branca -a 2.600 metros de altitude- é a que mais se aproxima do estereótipo da herança colonial.
A cidade foi fundada em 1540, mas conheceu seu maior desenvolvimento nos séculos seguintes, quando serviu de entreposto para a prata que ia de Potosí, às margens do Titicaca, para a Espanha.
Desde o século 19, a principal riqueza é a têxtil, em especial a industrialização da lã.
Chamada de branca pelas construções de rocha de origem vulcânica, ela abriga boa dose de preconceito contra os aborígines, como convém a uma cidade fundada pelo colonizador e que se pretende diferente do resto do país, como prova o charme de afirmar que é parte de um país independente.
Muitos arequipenhos dirão que a cidade é branca porque até recentemente 90% dos habitantes seriam brancos, descendentes dos espanhóis, percentagem que teria sido alterada pelo êxodo andino.
Percebe-se o ridículo desse argumento numa visita à sacristia da igreja da Companhia de Jesus -esquina das ruas General Morán e Alvaro Thomas.
Sistina americana Do lado esquerdo e ao fundo do templo, ela é apelidada de capela Sistina das Américas.
Pintada do chão ao teto em cores vibrantes, mostra claramente as influências indígenas ao misturar elementos cristãos com heranças pré-colombianas.
Enfim, independentemente dessas discussões, típicas de um país em busca de identidade, Arequipa tem nas construções coloniais sua principal atração.
A praça de Armas, reconstruída no século passado após um dos vários terremotos que derrubaram a cidade, possui charmosas arcadas que adquirem uma luminosidade especial ao pôr-do-sol.
Atrás da catedral, do lado norte da praça, um calçadão abriga lojas e dois simpáticos restaurantes, um deles italiano, indicado para quem cansou da comida peruana.
Noite
No capítulo noite, Arequipa tem vários bares e restaurantes, entre eles o Blues Bar -rua San Francisco, 319, tel. local 28-3387-, no qual apresentam-se grupos de rock para até 700 pessoas.
Para quem prefere tranquilidade, o Bistrot -r. Sta. Catalina, 208- tenta imitar um clima parisiense, aproveitando o fato de ficar no prédio da Aliança Francesa.
Nas compras, a especialidade são os tecidos de alpaca, já que a cidade é o centro da indústria têxtil peruana. As lojas mais bem conceituadas, não necessariamente as mais baratas, ficam nos claustros da Companhia de Jesus, ao lado da igreja dos jesuítas.
Arredores
Fora da cidade, merecem especial destaque o antigo moinho de água Sabandía e a Casa do Fundador (Socabaya), cujo nome deriva de seu primeiro morador, o espanhol Garcí Manuel de Carvajal, um dos fundadores de Arequipa.
Usada atualmente para festas e casamentos, ela abriga uma capela e várias obras de arte, além de grafites deixados pelos ocupantes chilenos na Guerra do Pacífico.
Os viajantes de espírito mais aventureiro não podem deixar de visitar o vale e cânion de Colca.
Além de um dos mais profundos desfiladeiros do mundo, que chega a 3.000 metros de um dos lados, a região tem alguns exemplares da ave típica dos Andes, o condor.
A visita a essa região exige, no mínimo, um dia inteiro e pode ser arranjada por intermédio de agências locais.

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