São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Banco orientava compra, diz operador
DANIEL BRAMATTI
O relator da CPI dos Precatórios, Roberto Requião (PMDB-PR), considerou o depoimento a "prova definitiva" de que o banco participou da "montagem" das operações irregulares de compra e venda de títulos estaduais e municipais para o pagamento de dívidas judiciais (precatórios). Até chegarem ao comprador final -o próprio Bradesco-, os papéis passaram por várias corretoras intermediárias, que elevaram seu preço artificialmente, segundo a CPI, e tiveram um lucro de pelo menos R$ 50,37 milhões nas operações. Em 89% das compras de títulos feitas pelo Bradesco, a Paper era o elo imediatamente anterior ao banco na cadeia de intermediárias. À CPI, o diretor da corretora Augusto César Falcão de Queiroz disse que comprava os papéis a pedido do Bradesco. O contato entre a empresa e o banco, segundo Queiroz, era feito por Edson Ferreira. A versão foi negada com veemência por Katsumi Kihara, diretor do Bradesco responsável pelas operações com títulos públicos. Kihara disse à CPI que recebia propostas da Paper, em vez de encomendar a compra dos papéis. O depoimento de Ferreira confirmou todas as informações prestadas pelo diretor da Paper. Ferreira disse à PF que a distribuidora sequer determinava os preços de compra e venda dos papéis. "Em alguns casos era o Bradesco quem definia as condições de compra ou de venda dos títulos, não cabendo à Paper avaliar se era caro ou barato. O declarante apenas recebia a ordem de Katsumi Kihara para executar a operação", diz o termo de declaração da PF. O Bradesco é citado como "natural formador de preço do mercado por ser a maior potência compradora". Foram os preços pagos pelo banco que alimentaram os lucros da "cadeia da felicidade" -a maior beneficiária foi a IBF Factoring, empresa do "laranja" Ibraim Borges Filho. Ferreira disse que a Paper funcionou como operadora do Bradesco "no tocante aos negócios de compra ou venda de títulos públicos envolvendo os Estados de Pernambuco, Santa Catarina e Goiás, bem como os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Osasco". As orientações para as compras, segundo o depoente, partiam sempre de Kihara. "Katsumi telefonava ao declarante, dizia qual era o título e mencionava as instruções que deveriam ser tomadas para o fechamento dos negócios." "No que concerne à CPI, o Bradesco está implicado por meio de seu funcionário Katsumi Kihara", disse Requião. Texto Anterior: Protestos vêm perdendo força desde a privatização da CSN Próximo Texto: Banco nega as acusações Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |