São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Lisboa faz 'blitz' contra emenda de Covas

MARCELO GODOY
RICARDO FELTRIN

MARCELO GODOY; RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Comandante-geral da PM visita quartéis e anuncia comissão para fazer nova proposta de segurança pública

O comandante-geral da PM, coronel Claudionor Lisboa, iniciou ontem uma peregrinação pelos quartéis da PM contra o projeto do governador Mário Covas que retira o policiamento ostensivo das mãos da Polícia Militar.
Também ontem, Lisboa anunciou uma comissão que vai apresentar uma contraproposta de emenda constitucional à preparada pelo governo estadual e enviada a FHC na semana passada.
"Não posso divulgar ainda os nomes da comissão", disse ontem à Folha o comandante-geral da PM, Claudionor Lisboa, que também não estimou um prazo para a entrega da proposta.
Lisboa discursou ontem para cerca de 2.600 PMs no Cfap (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças), em São Paulo.
Hoje, às 9h, ele deve falar aos homens do Comando de Policiamento de Campinas (99 km a noroeste de SP) e, às 14h30, aos membros do Comando de Policiamento de Santos (72 km a sudeste de SP).
Oficialmente, o objetivo de Lisboa é "levar tranquilidade e estímulo à tropa".
Na semana passada, o 15º Encontro do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares repudiou o projeto de Mário Covas (PSDB).
Os comandantes condenaram em nota oficial "soluções simplistas apresentadas à população com discursos demagógicos e enfoques distorcidos".
Mesmo assim, se disseram dispostos a discutir propostas de aperfeiçoamento na área de segurança pública.
O projeto de Covas depende da aprovação de emenda constitucional no Congresso que mude o capítulo da Segurança Pública da Constituição. A idéia é dar à Polícia Civil um controle único sobre a investigação e prevenção de crimes -hoje, ela só investiga.
Críticas
Lisboa criticou também os policiais militares que estão se posicionando a favor da emenda.
Entre outros pontos, a emenda cria uma espécie de "polícia comunitária", que faria o policiamento ostensivo e investigativo, e reduz amplamente o poder da PM -que sairia das ruas.
Um dos principais pontos da emenda: os PMs que não tiverem antecedentes criminais e forem aprovados em testes poderiam se transferir para a "nova polícia".
"A segurança pública é algo importante demais para que haja apenas o interesse pessoal de alguns praças", disse o coronel.
"Para a tranquilidade da população, continuaremos a executar o policiamento ostensivo e preventivo", disse o comandante-geral da PM de São Paulo.

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