São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Defensoria Pública pede exumação no Peru

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

A Defensoria Pública do Peru anunciou que vai pedir a exumação dos corpos de pelo menos 12 dos 14 membros do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) mortos há uma semana por militares peruanos.
Os terroristas morreram na ação que libertou 71 reféns sob poder do grupo desde 17 de dezembro passado na casa do embaixador japonês em Lima. Um refém e dois militares também morreram.
"Precisamos saber exatamente onde estão os corpos e quem foi enterrado onde", disse a promotora Susana Silva.
O Instituto de Direito Legal de Lima vai além. Para a diretora Susana Villaram, pode ter havido um massacre. "É preciso haver uma necropsia independente de todos para determinar quantas balas cada cadáver tinha", disse.
Apenas Cerpa e seu adjunto, Roli Rojas Fernández, foram enterrados com presença de familiares. Os 12 restantes foram enterrados, segundo o governo, numa vala comum na periferia de Lima.
Mas a Defensoria acredita que eles estejam enterrados em pelo menos três cemitérios diferentes.
A alegação oficial para o enterro foi a falta de identificação dos cadáveres. "Sabemos que pelo menos seis haviam sido identificados", afirmou Susana Villaram.
Todo o processo relativo à ação está na Justiça Militar, o que para críticos impede uma apuração isenta. Até a necropsia dos corpos foi feita por médicos militares.
Além da possível violência deliberada contra os terroristas, surgiu ontem também a suspeita de que os guerrilheiros se ameaçassem mutuamente. O ex-refém Marco Miyashiro, funcionário da polícia peruana, disse que uma das sequestradoras desistiu de fugir com os reféns por medo de que sua família fosse morta em represália.
Congresso
No Congresso peruano, cresce o movimento da oposição para a formação de uma comissão de inquérito sobre a ação.
Só que essa comissão, mesmo aprovada, não irá discutir a morte dos 14 guerrilheiros. "Nosso objetivo é saber as responsabilidades sobre o caso", afirmou o congressista Daniel Estrada Pérez (União pelo Peru).
Os jornais japoneses trouxeram ontem críticas de Fujimori à atuação de Tóquio durante a crise.
Segundo ele, o governo japonês tem sido "covarde" por fazer concessões a terroristas (como o pagamento de resgates, em outros casos). Ele disse também que o governo japonês não apresentou nenhuma proposta concreta para encerrar a crise de 126 dias.

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