São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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OÁSIS NAS CIDADES

O historiador inglês Peter Burke relata, no última edição do caderno Mais!, o quanto ficou bem impressionado, em recente visita à Itália, com as muitas praças romanas -e o contraste que vê entre estas e os poucos espaços públicos existentes na cidade de São Paulo.
O autor lembra que as "piazze", além de belas, são pontos de encontro, lugares para tomar café, passear, levar crianças para brincar ou simplesmente estar em público, "fare bella figura". Em São Paulo, em vez de um panorama urbano semelhante aos da Europa mediterrânea, Burke surpreendeu-se com a escassez de praças e também o descaso para com as poucas que existem.
O historiador escreve que achou interessante saber que a pracinha onde se passava a ação da novela "A Próxima Vítima" tinha sido feita segundo o modelo de uma praça napolitana. Sinal, para ele, de que não é o único a sonhar com uma "piazza" para a cidade de São Paulo.
O grande movimento no parque Ibirapuera e os protestos quando do fechamento da Cidade Universitária para a população aos fins-de-semana evidenciam que os paulistanos sonham com espaços públicos bem mantidos, sejam "piazze" ou não.
No Brasil, as praças surgiram principalmente como pátios das igrejas. As cidades cresceram sem a preocupação em manter áreas verdes para divertimento e descanso.
Com o adensamento populacional e o número cada vez maior de pessoas vivendo em apartamentos, cresce ainda mais a demanda por espaços ao ar livre e de lazer gratuito.
A maioria dos centros urbanos brasileiros, castigados pela falta de planejamento, não pode mais ignorar a importância desses "oásis em meio ao deserto urbano", como escreve Burke. As melhorias em parques existentes, a manutenção das praças e a criação de novos espaços com infra-estrutura e segurança são um anseio legítimo da população.

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