São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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PM tenta localizar envolvidos em tumultos

LEILA MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O serviço secreto da PM (Polícia Militar) tentou localizar nos arredores da Bolsa de Valores os envolvidos nos tumultos que causaram, anteontem, ferimentos em pelo menos 33 pessoas. Nenhum dos envolvidos foi identificado.
Desde cedo policiais à paisana da P-2 (código do serviço de informações da PM) circulavam entre os que protestavam contra o leilão.
A busca não deu em nada, pois não mais de cem manifestantes estiveram no ato realizado durante todo o dia na escadaria da Assembléia Legislativa (centro).
O principal alvo dos agentes era o rapaz de cerca de 20 anos, de cabelos compridos que, durante a briga, foi filmado socando e chutando dois policiais.
O rapaz não foi localizado. O cinegrafista infiltrado pela PM na manifestação de anteontem chegou a filmá-lo antes da confusão em meio a estudantes que faziam passeata. Além dele, pelo menos mais cinco envolvidos na briga estão sendo procurados pela PM.
A briga entre ativistas contrários à venda da Vale e PMs ocorreu às 10h30 na avenida Antônio Carlos e na rua Primeiro de Março. Quatro bombas foram jogadas pela PM, que teve oito homens feridos. Também se machucaram nove jornalistas e 16 manifestantes.
A repercussão do tumulto pode ter sido a causa da baixa frequência de manifestantes registrada ontem.
"Acho que o pessoal ficou com medo", disse Orlando Maria dos Santos, 42, militante do PT.
Estudantes de teatro da Uni-Rio (Universidade do Rio de Janeiro), Clarisse Gurgel, 18, e Clarice Terra, 18, estiveram na Assembléia na esperança de participar de uma grande manifestação.
Vestidas com roupas negras, rostos pintados de branco e preto, elas se frustraram com a ausência de militantes."Sentimos necessidade de expressar fisicamente o que pensamos sobre privatização da Vale", disse Clarisse Gurgel.
Nem lideranças de partidos de oposição e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), habituais em protestos contra a privatização, estiveram na Assembléia. À tarde, seis adolescentes deitaram-se no asfalto da avenida durante cinco minutos, em protesto contra o leilão. A polícia não interveio.

Colaborou Leila Magalhães, free-lance para a Folha

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