São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Banco diz que não sabia

DO ENVIADO ESPECIAL

A assessoria de comunicação do BNDES diz que o banco não sabia que o grupo Paranapanema tem uma mineradora na qual trabalham crianças.
Para o BNDES, o fato de o banco ter ações do grupo Paranapanema não significa que ele aceite a exploração do trabalho infantil.
Mas o banco não analisa essa questão quando adquire ações para seus fundos -compra as mais rentáveis. Segundo a assessoria, não cabe a uma instituição financeira vigiar o trabalho infantil, mas à Polícia Federal.
As diretorias da Ebesa e do grupo Paranapanema, que tem 70% da empresa, dizem que não há nada a fazer no garimpo do Bom Futuro enquanto a área estiver invadida por garimpeiros.
A Ebesa tem o direito de lavra sobre a área desde 1992, mas a Justiça decidiu que os garimpeiros devem permanecer no garimpo -eles chegaram antes, a partir de 1987.
"Temos plena consciência de que estamos sentados em um barril de pólvora. Aquilo é uma Serra Pelada", disse à Folha Dennis Gonçalves, 48, presidente do grupo Paranapanema. "Mas não podemos controlar invasores. Se nossos direitos fossem respeitados, não haveria crianças no garimpo."
Em Pitinga (AM), onde o grupo Paranapanema opera outra mina de cassiterita, não há crianças trabalhando.
Gonçalves, que diz considerar "inaceitável" o trabalho infantil, classifica de "delírio" a proposta do Ministério Público de a Ebesa contratar os garimpeiros e proibir crianças na reserva. "É como se invadissem minha loja e eu fosse obrigado a contratar o invasor."
O Previ, fundo de pensões do Banco do Brasil, que tem 28% das ações do Paranapanema, pretende encomendar um estudo para resolver a questão do trabalho infantil na Ebesa.
"Defendemos que o trabalho infantil seja erradicado. Não queremos o lucro de qualquer maneira", diz Humberto Eudes Diniz, 62, diretor deliberativo do Previ.

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