São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Entidades têm divergência

DO ENVIADO ESPECIAL

As duas entidades que representam a indústria brasileira do fumo têm argumentos conflitantes sobre o trabalho infantil nas lavouras.
"Desconheço o trabalho de crianças. Não tenho ido às lavouras", diz Nestor Jost, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Fumo.
Hélio Fensterseifer, presidente do Sindicato da Indústria do Fumo do Rio Grande do Sul, diz que as crianças apenas contribuem com os pais em pequenas tarefas, como colher as folhas e classificar o fumo.
"Não há exploração. Elas frequentam as escolas normalmente. Ensinamos as crianças a trabalhar naquilo que elas podem fazer", diz Fensterseifer.
Segundo ele, o preço do fumo é baseado em levantamentos de custos realizados pela Afubra e pelo Sindifumo. A mão-de-obra representa 63% dos custos.
"Não existe vínculo empregatício entre a indústria e o produtor. Na propriedade, o agricultor faz o que bem entender, inclusive planta outros produtos além do fumo. Ele utiliza a mão-de-obra que está disponível", diz Fensterseifer.
No ano passado, a indústria brasileira de fumo faturou US$ 10 bilhões, sendo US$ 1,5 bilhão com exportação.
Maior exportador mundial de fumo, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos maiores produtores.
A indústria do fumo é a que mais recolhe impostos no país (R$ 7 bilhões em 1996).
As maiores empresas estão instaladas na região de Santa Cruz do Sul: Souza Cruz, Dimon, Philip Morris, Kannenberg, Meridional, Universal Leaf, Brasfumo e CTA (Continental Tabacos Aliance).
A Souza Cruz, líder do setor, inaugurou em dezembro último, em Santa Cruz do Sul, o maior complexo industrial de fumo do mundo.
Sobre o trabalho infantil nas lavouras, a Souza Cruz prefere não se manifestar.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da empresa informou que o assunto deve ser tratado com as entidades de classe do setor.

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