São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Eu não tinha o que comer"

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Ariane, 15, deixou a Tailândia há três anos para trabalhar em uma confecção na periferia de Paris.
Há seis meses, Ariane (o nome é fictício) vive na Associação Hermes, onde foi abrigada depois que uma blitz policial fechou a fábrica onde trabalhava.
Ariane diz que os pais moram em uma cidade chamada Burian, mas a Justiça francesa ainda não conseguiu localizar seus pais. Em um francês de difícil compreensão -ela começou a aprender a língua há seis meses-, Ariane conta sua história.
(MA)
*
Folha - Como você chegou à França?
Ariane - Vim de avião com meu patrão.
Folha - Por que você veio?
Ariane - O patrão disse que ia cuidar de uma criança e ir à escola.
Folha - O que você fazia na Tailândia?
Ariane - Eu ia à escola e trabalhava um pouco.
Folha - Você quis vir para a França? Por que você veio?
Ariane - O patrão falou com meu pai, que disse para eu vir. Eu vim e comecei a trabalhar muito, muito. Eu dormia pouco. À noite, trabalhava até 3h, acordava cedo, às 7h. Não tinha o que comer. Ficava o tempo todo na fábrica, dia e noite, noite e dia.
Folha - Como era o trabalho que você fazia?
Ariane - Era uma máquina. A gente fazia jaquetas de jeans. Tinha de trabalhar rápido. A polícia chegou e me trouxe para cá.

Texto Anterior: Situação é pior na África e Ásia
Próximo Texto: Reino Unido viola carga horária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.